QUANTO VALE SUA SAÚDE MENTAL?

É uma pergunta simples, mas muitas vezes só pensamos nela depois que a perdemos.
É como aquela velha história “você só começa a valorizar algo depois que perde.”
Nunca vi uma sociedade ou melhor, uma geração, tão doente como essa. E aqui, claro, eu me incluo.

Em 2021 fui diagnosticada com síndrome do pânico, ansiedade e por fim, depressão. E tem sido uma luta constante desde então.
Isso me atrapalhava até no meu trabalho.

Mês passado eu estava pra voltar ao trabalho depois de pegar uma licença para tratar da minha saúde e minha mãe disse que eu tinha que lutar pelos meus ideais porque eu disse a ela que queria voltar para o local onde eu trabalhava antes, mas já não estava confiante de que isso iria acontecer.
Não deu outra. Acabei sendo remanejada para outro lugar e eu não queria. Pra ser sincera já estava cansada. Estava me sentindo completamente descartável. Então, tomei uma decisão que jamais pensei que chegaria a fazer… Pedi conta.

Não chorei. Não implorei ou me humilhei como da última vez.
Apenas fiz o que decidi no meu coração e na minha mente. Foi difícil? Claro! Nunca é fácil tomar decisões importantes, ainda mais quando se trata de emprego. Tem tanta gente procurando, não é mesmo? E é tão bom ver o dinheiro cair na nossa conta todo mês.

Mas e a saúde como fica? Como você fica diante de si mesmo?
Do que adiante trabalhar doente? Se arrastar todos os dias, se estressar e ficar frustrado por não se sentir pleno e realizado?
Não estou aqui pra dizer: Saia já do seu emprego! De forma alguma.
Estou aqui pra te alertar a se cuidar. A cuidar da sua saúde mental antes que você a perca por excessos (de trabalho, carga emocional, de sins que você diz pra agradar todo mundo…) ou por faltas (de reconhecimento, de apoio, de sentido naquilo que você faz…).

O QUE É MAIS CARO? A saúde ou a doença?
Eu posso dizer com toda a certeza que é a doença. Há 2 anos estou em tratamento e eu não estaria nessa situação se eu tivesse me atinado e cuidado de mim antes.
Porque quando eu adoeci eu sofri perdas até ao ponto de pedir demissão de um trabalho que eu gosto, mas que eu achava não fazer mais a diferença ali.

Se você leu até aqui só posso dizer mais duas coisas:

1. Obrigada pelo seu precioso tempo.
2. Por favor, cuide de você! Haverá sempre alguém que te observa, que te admira e até que depende de você e não tem como você cuidar dos outros se não estiver saudável.

Que você permaneça seguro e saudável! Que você encontre seu propósito de vida, sentido, honra e felicidade em tudo que fizer! Isso é o que eu desejo a você.

ME DESCULPE E MUITO OBRIGADA PELO TEMPO QUE PASSAMOS JUNTOS

Se despedir de algo ou alguém é doloroso. Ainda mais quando se está acostumado, já conhece bem e se sente confortável. É doloroso quando se está tão apegado a algo ou alguém, mas o partir breve ou permanente faz parte da jornada da vida e de suas muitas fases. Um ciclo se encerra e outro começa.

Eu tive que me despedir deles. Autistas precisam de rotina. Precisam de alguém estável e confiável. E no momento eu não sou a melhor opção para ser o apoio que eles precisam. Infelizmente. Não estou na minha melhor forma.

Quando ela me chamou pra remanejar a troca de alunos, eu confesso que tive vontade de chorar e bater o pé. Vontade de implorar por uma segunda chance. Mas não valia a pena fazer nada além de concordar, afinal, não é a minha vontade que importa. São as necessidades deles que vêm em primeiro lugar.

Apesar de achar que ela não gosta nenhum pouco de mim, eu reconheço que é uma pessoa justa. A troca não foi uma punição. Ela foi gentil comigo, entendeu minha atual condição e remanejou tudo de acordo com o que sou capaz no momento. Mas não posso dizer que não doeu. Não posso dizer que não estou sentida.

Ele chorou por eu não poder mais estar com ele e eu chorei também (longe dele). O outro apesar de ser mais velho e maduro ficou um tanto quanto confuso, mas também aceitou sem desespero. Apesar deles não entenderem bem o porquê, aceitaram o novo arranjo. Não fizeram birra, não rejeitaram as novas atendentes. E eu fiquei orgulhosa de ver como estão crescidos.

Ela me perguntou se estava tudo bem, e eu, por um instante pensei em implorar, em dizer que não, mas dei lugar a razão ao invés da emoção. E concordei. Disse tudo bem apesar de no fundo não querer que fosse assim.

Meninos, eu peço desculpas por atualmente não ser o apoio estável, confiável e necessário que tanto precisam. A troca foi necessária e vocês vão se desenvolver muito mais. Logo eu serei apenas uma mera lembrança e está tudo bem.

Sou profundamente grata pelo tempo que passamos juntos. Eu aprendi muito com cada um de vocês. Vocês conseguiram conquistar meu coração e iluminaram meus dias. Aprendi a ser mais paciente, mais gentil, mais humana e a me colocar mais no lugar do outro.

Agora é hora de se adaptar de novo. Fazer novas conexões.  É hora de iniciar um novo ciclo. Vocês podem não entender, mas às vezes a gente perde pra ganhar. A gente vai continuar se vendo em alguns momentos e embora eu os veja crescendo de longe vou me orgulhar sempre de vocês. Acreditem, vocês vão se desenvolver mais, muito mais!

Não sou útil pra vocês agora, mas quem sabe na próxima vez estarei saudável de novo, estarei inteira de novo e possa voltar. Me perdoem por quebrar a minha promessa de ficar com vocês até o final e muito obrigada por permanecerem comigo durante todo esse tempo.

Eu amo vocês. ❤

A ÚLTIMA A SER ESCOLHIDA

Alguns dos alunos onde trabalho me fazem lembrar da minha época de escola. Me fazem lembrar de mim mesma naquele tempo.

Eu sempre fui aquela aluna mediana, introvertida e que não revelava minhas verdadeiras habilidades. Sabe do que eu mais lembro? De ser a última a ser escolhida. De ser sempre aquela que a professora tinha que encaixar em algum grupo.

Eu odiava trabalhos em grupo. Os colegas que tinham que me aturar no grupo faziam cara de desgosto, “ah, ela não”! Desde a primeira série até o último ano do ensino médio foi assim. Ninguém gostava de mim e eu não gostava deles, mas tinha que me socializar. Eu estava na escola pra aprender não apenas os conteúdos, mas também pra conviver em sociedade.

No ensino fundamental eu era muito boa em jogar queimada. Era uma das poucas atividades em educação física que eu gostava. Era uma das últimas a sair do jogo, mas era a última a ser escolhida pelos colegas (a que restava) e como isso me frustrava. Eu pensava: Eu sou boa nesse jogo, mas por quê não me escolhem logo?

Por vezes me diminui achando que eu era o problema. Achando que não era capaz ou não era boa o suficiente. No fundo eu queria ser reconhecida. Mas tudo que consegui era ser a última a ser escolhida. Eu tinha amigos sim, mas mesmo eles não viam muita coisa em mim, eu entendo. Afinal, eu não revelava o quão inteligente eu era, nem boa em algo.

Já no ensino médio foi pior. Adolescentes, sabe?! Alguns se destacavam pela beleza, outros pela inteligência, outros nos esportes… E eu não destacava em nada. Se não respondesse presente na chamada nem mesmo os professores saberiam que eu estava lá. Eu não me importava em ser “invisível”. O que me frustrava era fazer parte de algo e ninguém perceber minhas habilidades. Como assim eles não veem que sou boa com as palavras escritas? Como assim não percebem que sou melhor nessa matéria do que na outra? São tão ignorantes assim ou só querem me deixar de lado?

Lembro que uma vez o professor de inglês deu uma prova em dupla e ele me colocou com um aluno muito metido. Nitidamente ele estava chateado por não fazer par com uma de suas amigas. A panela perdeu a tampa. Sabe o que me irritou? Não foi o fato de sentar com ele. Eu realmente não me importava com quem o professor me colocava. Foi ele supor que eu não sabia nada da matéria, não me deixar fazer nada e ainda colar na prova porque as amigas estavam sentadas atrás de nós. Resultado? O pior. Tiramos uma nota baixa e ele riu e disse: “Eu nem precisava de ponto mesmo, já passei”.

Tive vontade de puxar ele pelos cabelos. Eu precisava de pontos. Sabia a matéria melhor do que eles. E acharam que por estar sempre tirando notas altas eram melhores do que eu? Ah, me poupe! Ainda bem que esse tempo já foi. Eu era boba demais. Não tinha uma autoestima saudável, tinha dificuldade em dizer o que realmente sentia ou pensava. Deixava minha própria vida à deriva.

Hoje quando vejo os alunos na escola onde trabalho eu até acho graça. Quando os vejo frustrados digo que vai ficar tudo bem e que numa próxima vez eles se sairão melhor. Faço o melhor que posso pra que a autoestima deles não seja prejudicada. Brinco, cuido, ensino, corrijo, e falo sobre suas habilidades. Não quero vê-los se diminuindo, nem se autodestruindo como muitas vezes eu fiz.

Quero que eles sejam felizes. Quero que olhem pra si mesmos e veja o quão inteligentes e capazes eles são. Porque eles são.

Quando digo que vai ficar tudo bem e que numa próxima vez eles se sairão melhor, não estou mentindo, nem reconfortando. Estou dizendo a verdade por experiência própria. E estou dizendo pra mim mesma. Cada dia a gente pode melhorar um pouquinho. Não se preocupe, vai ficar tudo bem, acredite! 😉

Foto: Pixabay/pexels

FÁCIL DE FALAR, DIFÍCIL FAZER

“Eu devia sorrir mais, abraçar meus pais, viajar o mundo e socializar. Nunca reclamar, só agradecer, tudo o que vier eu fiz por merecer… Eu devia sorrir mais, abraçar meus pais, viajar o mundo e socializar. Nunca reclamar só agradecer, fácil de falar, difícil fazer…” (Trecho da música Piloto Automático – Supercombo)

E quem nunca se viu falando muito e fazendo pouco? Pois é. Falar e fazer são duas coisas que nem sempre andam juntas, deveriam, mas bem sabemos que a realidade muitas vezes é outra.

É fácil falar “eu quero ser saudável”, difícil mesmo são as atitudes para se tornar uma pessoa saudável. Você quer ser, mas todos os dias escolhe o caminho mais confortável. O despertador no modo soneca, só mais 5 minutinhos, que diferença vai fazer? A alimentação continua a mesma. Nada de atividade física. E você quer ser saudável como? Pela força do pensamento?

É fácil falar “eu quero ser rico(a)”, difícil mesmo é controlar o próprio dinheiro, administrar os gastos, reduzir custos e cortar da lista as trivialidades, não é? “Fulano estava predestinado a riqueza”, “nasceu virado pra lua”, e você não pode sair da sua zona de conforto e mudar seu destino? Acha mesmo que a lua, o cosmos ou sei lá o que interfere na sua neurologia, na sua forma de ser e pensar? Só você é capaz de tomar suas próprias decisões. Você e só você é responsável pelo seu sucesso ou fracasso.

A gente gosta de falar e fala demais. E quem muito fala pouco faz. Sabe por que? Porque a gente espera que a nossa fala ou melhor, o que falamos se materialize na nossa vida sem esforço. Eu sou assim. Quantas vezes eu falei que faria tal coisa, que seria mais determinada, decidida, que faria o meu melhor, que seria saudável, rica, fitness, mais profissional, mais ética e tantas outras coisas que só ficaram mesmo na fala. Palavras ao vento.

O despertador foi desligado. A preguiça me venceu de novo. As tarefas ficaram em segundo plano ou pra última hora. A vida continuou a mesma… Bagunçada, é claro! E aí? Quer dizer então que eu sou predestinada ao fracasso? Nasci pra falhar? Claro que não! Significa que faltou e ainda falta esforço da minha parte. Falta disciplina. Falta sair da minha maravilhosa zona de conforto e mudar minha história.

Não se trata de signo, de lua, de sol, de ascendente ou antepassado. Se trata de decisão. De escolhas. O que a gente escolhe ser e fazer. A gente pode viver no modo soneca pra tudo ou fazer o nosso melhor em tudo. A gente pode aceitar qualquer destino, o famoso “deixa a vida me levar” ou mudar nossa trajetória. O vento impulsiona o barco, mas quem ajusta as velas e muda o curso do barco é o tripulante/marinheiro.

E aí? Você vai continuar só falando ou vai se esforçar mais pra mudar? Viva um dia de cada vez, é isso! Planeje e saia da zona de conforto, do contrário vai continuar andando em círculos.

Você e só você é responsável pelo seu sucesso ou fracasso. Repense suas escolhas. ❤

Foto: Alexandr Podvalny

O PODER DA GRATIDÃO

Pelo o quê você é grato?

É engraçado como muitos de nós dizemos que somos gratos, mas na verdade nossa gratidão é da boca pra fora. É rasa demais. É só mesmo por tudo aquilo que nos convém. Afinal, quem quer ser grato por algo simples? Algo pequeno ou rotineiro? Quem quer ser grato pelo “pé na bunda”? Quem quer ser grato pela demissão? Quem quer ser grato pelos dias ruins?

Eu quero.

Aprendi que a gratidão tem um poder transformador. Ela aquece o coração mesmo quando ele ainda está dilacerado. Ela conforta nos dias ruins. Ela nos faz enxergar o lado bom de tudo. Eu não conhecia esse poder até precisar dele.

Quando eu estive doente a ponto de acreditar que iria morrer comecei a ser grata por literalmente todas as coisas, até mesmo as mínimas. Eu agradecia a Deus e me sentia feliz por acordar, por poder comer sem sentir dor ou vomitar, por caminhar sem escorar em nada ou em alguém, por entrar no banheiro e tomar um banho quente com a porta trancada sem medo de desmaiar lá dentro e por conseguir dormir sem tremor e temor.

Eu já estou bem melhor, mas ainda continuo grata. Passei a ficar menos estressada e a ter um novo olhar sobre as coisas do meu dia a dia. Eu que antes quase surtava de raiva ao ver os talheres fora do lugar, ou as roupas que meu pai estendia tudo fora de ordem, ou quando minha mãe me tirava do meu momento maratona de séries, agora nada disso me abala.

Os talheres eu ponho no lugar sem reclamar. As roupas estão fora de ordem, mas vão secar do mesmo jeito, então pra que pirar? Quando minha mãe vem me mostrar algo (que não me interessa em nada)… Eu paro o que eu estiver fazendo e dou atenção. Ainda que não me interesse passei a valorizar esses momentos com ela. São únicos e algum dia será o último e eu não quero ter arrependimentos. Quero levar comigo a certeza de que fiz o meu melhor.

Eu lembro que fui grata até pelos dias ruins, sabe por que? Porque sem eles eu jamais saberia apreciar os dias bons que hoje tenho. Eu fui grata por estar doente e por ter a quem recorrer, pois lembrei daqueles que adoeciam sem ninguém ao lado. Eu sou grata pelo mal que veio para o meu bem, pois hoje me vejo melhor do que antes.

Deixei de focar na dor, no lamento parar focar no que importa… No amor e no tempo presente. Gosto muito de um trecho do filme Kung Fu Panda dito pelo mestre Oogway onde ele fala pro dragão guerreiro ‘Você está preocupado demais com o que passou e com o que será. Há um ditado que diz: “O ontem é história. Amanhã é mistério. Mas o hoje é uma dádiva. E por isso é chamado presente.”‘ Viva o seu presente.

Chega a ser impressionante o quanto eu mudei. Tem dias que entro na van e ouço as mesmas reclamações e penso: “Ah! como senti falta disso e como sou grata por isso”, o importante é chegar bem no nosso destino. O trabalho tem sido cansativo, no final do dia tudo que quero é um banho quentinho e a minha cama. Antes eu reclamava do cansaço, agora eu fico relembrando uma frase do Mario Sergio Cortella que diz: “O cansaço é um privilégio dos vivos.”

Pois é, gente! Só fica cansado, só fica doente, só fica sensibilizado, os dias bons e ruins só acontecem para os vivos. E é isso! A vida por si só já é motivo suficiente para ser grato.

Levou um “pé na bunda”? Eu também já levei. Pare de se lamentar e reaja! Permita que suas feridas sejam curadas e siga em frente. Às vezes o “pé na bunda” nos impulsiona para algo melhor. Foi demitido? Eu sei o quanto isso é ruim, acredite! Mas ao invés de amaldiçoar a empresa ou chefe, apenas tente outro emprego e procure sempre melhorar suas qualidades ao invés de focar nos defeitos.

Os dias ruins? Eles passam. Os bons também, então saiba aproveitar!

Muitas vezes é preciso perder pra ganhar. Então, pare de chorar tanto isso só te enche de rugas antes da hora! Pare de rastejar! Você não é cobra. Você é um ser humano e é digno de respeito, principalmente do seu próprio.

A gratidão eleva o espírito e nos ajuda a ser a nossa melhor versão. Seja grato nas pequenas coisas, nas mais simples, pois quando receber coisas grandiosas não terá nenhuma soberba em seu coração, nem arrogância em suas atitudes.

Pelo o quê você é grato? ❤

Foto: Snapwire

AS PEQUENAS ALEGRIAS DO DIA A DIA

O título parece um tanto quanto clichê, eu sei, mas depois que a gente perde ou quase perde a saúde ou a vida é isso que a gente sente. Alegria pelas coisas mínimas do dia a dia, da vida, da rotina que a gente tem. A gente se torna mais grato pelo que tem ao invés de reclamar e lamentar pelo que falta.

Eu fico alegre por poder comer comida sólida e ela parar no meu estômago. Fico alegre por poder caminhar sem escorar nas coisas ou em alguém. Fico alegre por poder entrar no banheiro e trancar a porta sem medo de desmaiar lá dentro. Fico alegre por conseguir fazer coisas simples como estudar, assistir tv, mexer no celular, limpar a casa (ainda que devagar) sem sentir falta de ar.

Eu fico ainda mais alegre por poder dormir sem medo.

Eu chorava por não me sentir bem, não conseguir comer o que queria e ficar com medo de comer e vomitar. Chorava todas as noites pelo mal estar, falta de ar, uma sensação esquisita que não sabia nem descrever e parecia não querer passar. Tremia igual um chihuahua e não era de frio. Sentia como se uma corrente gelada circulasse pelo meu corpo e só pensava: Meu Deus, o que está acontecendo comigo? Eu não aguento mais.

Eu chorava porque queria fazer as coisas do dia a dia, de uma rotina comum, mas não tinha forças. Eu que nunca tive medo de nada me vi com medo até de dormir sozinha. Teve dias que chamei minha tia pra dormir comigo. E quando minha mãe voltou passei a dormir com ela.

Foram dias de muito sofrimento e preocupação pra mim, pra minha família e todos que ficaram sabendo da minha situação. Eu emagreci muito. E sentia que estava sumindo cada dia mais.

Apesar de todo esse sofrimento eu agradeci por tudo (literalmente). Agradeci porque ainda tinha a quem recorrer, pude ir ao médico, pude comprar remédios, pagar por exames e fazer os exames. Agradeci porque tinha sempre alguém do meu lado me fazendo companhia e me acalmando. Agradeci pelas orações, pela preocupação, e vi o quanto sou amada.

Hoje eu me sinto melhor, bem melhor em vista de como eu estava antes. Meu coração está alegre e grato por tudo. Meu corpo está reagindo. Não estou mais a beira de um colapso, nem mais achando que vou morrer (embora eu saiba que um dia eu vou mesmo). Minha mente está mais forte. E eu vou me refazendo e vivendo um dia de cada vez e com a graça de Deus.

Eu ainda continuo orando. Não mais por medo, mas porque aprendi que oração é um doce remédio pra alma. Aprendi que ela nem sempre muda situações, mas com certeza muda quem a faz. Eu não sou mais a mesma. Ainda não sou a minha melhor versão, mas também não sou mais a mulher insensível, fria, distante, e por vezes indiferente que eu era.

Hoje eu me alegro nas pequenas coisas e não fico frustrada por não fazer mais. Entendo meus limites e digo a mim mesma: Está tudo bem! Você conseguiu fazer isso? Que ótimo! Bom trabalho!

Não se cobre tanto! Não se compare com os outros! Está tudo bem não ser multitarefas! Ninguém pode fazer tudo ao mesmo tempo e ser eficiente em todas as coisas. Pare um pouco! Respira e não pira!

Se alegre com as pequenas coisas! Contemple o simples e o belo da vida, da sua vida principalmente! ❤

Foto: Andre Furtado

O SURTO E O SUSTO

Essa semana tem sido muito difícil. Senti algo tão ruim, mas tão ruim que não desejo nem mesmo para o meu pior inimigo. O diagnóstico inicial… Ansiedade. Foi quando eu pensei: Mas ansiedade do que? Por que logo eu? Por que logo agora? Eu não me sinto ansiosa. Eu nem sequer me preocupo com nada. Por que isso está acontecendo comigo?

A pandemia mudou a rotina de todo mundo. Trabalho, escola/faculdade, a vida fitness ou a vida social aos finais de semana, tudo mudou. Ficamos mais sedentários, entediados, com os olhos ainda mais fixos nas telas (do computador, do celular, da tv), perdendo até a noção dos dias. Todo dia parece domingo.

Sabe aquela frase que diz “a vida muda num instante?”, pois é, muda e é num instante mesmo. Até domingo eu estava bem, cantando, dançando, fazendo as mesmas coisas de sempre. Na segunda-feira pela manhã fui ao banco, passei na faculdade pra buscar meus livros. Até almocei, mas quando foi mais tarde, uau! Achei que ia morrer.

Pensei tanta coisa na hora… É covid, é infarto, é intoxicação alimentar, é a morte, só pode! Fui várias vezes ao médico durante a semana e pedi orações pelas redes sociais (coisa que nunca fiz e nunca pensei em fazer). Eu expus um problema pessoal numa rede social. Minha amiga de longa data quando viu aquilo já me mandou uma mensagem perguntando o que estava acontecendo. Pra você vê que eu não sou o tipo de pessoa que expõe a vida assim.

Lembrei que numa das minhas conversas com Deus eu dizia: “Deus, morrer todos nós aqui vamos morrer um dia e isso eu sei que inevitável, mas quando chegar a minha hora se eu estiver “em dia” pode me levar rápido, mas se eu estiver “em débito”, por favor, não me leve tão rápido, me deixe consciente o suficiente pra me arrepender.” Eu sofri a semana toda, ou seja, de fato tive tempo pra me arrepender (apesar de ter vivido o suficiente pra isso), tive tempo pra agradecer e isso foi o que mais eu fiz.

A maioria de nós costuma lembrar de Deus só nos momentos de aperto, de dificuldades, ou dos maus momentos, dos dias que nada dá certo, eu sou bem assim. Quando está tudo bem apenas segue a rotina, o “deixa a vida me levar”, e vai empurrando tudo com a barriga e fazendo as coisas de qualquer maneira.

Às vezes é preciso um surto e um susto pra fazer a gente acordar pra vida. Pra fazer a gente entender que gratidão não é só pelas coisas grandiosas da vida, mas principalmente pelas mínimas. Eu comecei a agradecer por estar passando mal e receber tratamento, isso deveria ser o básico de um país, no entanto, é um privilégio, pois nem todo mundo pode recorrer a um atendimento mais qualificado, mais humano e minucioso. Eu agradeci pela minha família que estava ali indo e vindo comigo da casa pro pronto socorro e a preocupação deles por não poder fazer mais.

Eu orei pelas pessoas que estavam ali naquele pronto atendimento que estavam numa situação igual ou pior que a minha, faz tempo que não oro assim, então eu pedi que Deus curasse aquelas pessoas também. Acho que foi a coisa mais humana e boa que eu fiz durante esse ano. Existem coisas que os médicos podem fazer e outras que pra eles é impossível, mas pra Deus não existe nada impossível. E ao passar por tudo aquilo eu só pude pensar como Deus é bom e soberano. E o quanto eu sou amada, preciosa e valiosa aos olhos Dele.

Também agradeci pelas pessoas que estavam em oração por mim, gente que nem me conhece ou que já não convive mais comigo, pessoas que nem religiosas são, estavam torcendo pela minha melhora. O nome disso é empatia. E é uma das qualidades que torna o ser humano incrivelmente sensível, em outras palavras… Mais humano.

O susto foi grande, eu confesso. No início tive um pouco de medo e comecei a pensar em todas as coisas que eu ainda queria fazer, a lista vinha na minha mente e as lágrimas escorriam sem parar. E eu dizia a mim mesma: Ah! Tenho 31 anos e não tenho nada. Vou morrer sem ter conquistado nada. Não tirei a carteira, não conheci os lugares que tanto desejei, não terminei a faculdade, não vai dar tempo de fazer a pós-graduação, não formei uma família (e sim até nisso eu pensei), não fui uma amiga tão boa, não fui uma filha obediente, não pratiquei nenhum dos exercícios e esportes que eu queria, e a lista só ia aumentando. Não deixaria legado algum e isso é o mais triste que pode acontecer. Já que a morte é inevitável, a vida precisa ser dinâmica, bem vivida, cheia de histórias pra contar. Embora ela seja finita, ela precisa deixar rastros, precisa deixar um legado. Você pode não deixar um império, uma riqueza material vasta, mas precisa deixar sua história, sua marca, seu registro no mundo e na vida das outras pessoas.

O que eu passei, sinceramente não desejo a ninguém, nem mesmo a pior pessoa do mundo (e olha que essa pessoa acreditava ser eu). No entanto quero te dizer que a vida é isso: instantes. Ela acontece, floresce, dá frutos, mas ela acaba um dia. É por isso que devemos dar mais valor a ela. Cuidar bem dela. Deus se importa com a alma, mas também com o corpo. Se não fosse assim que sentido teria o corpo emprestado que a gente tem? Sim, nós somos uma alma que possui um corpo e não o contrário.

Eu não fiz nenhuma promessa, eu apenas disse que se eu melhorasse eu tomaria vergonha na cara e cuidaria mais de mim, da minha saúde física, emocional, espiritual, mental. Porque a verdade é que todas as áreas da nossa vida estão interligadas, elas andam juntas e contribuem para o bom funcionamento do corpo como um todo. Então, eu disse: Vou me cuidar, vou me amar e vou agradecer mais não o importa o que me aconteça.

O surto e o susto foi apenas o meu corpo gritando: Reaja! Você precisa reagir ou vai morrer sem um legado!

E no meio disso tudo eu lembro de sorrir num determinado momento e dizer pra mim mesma: “Se Ele fizer, Ele é Deus. Se não fizer, continua sendo Deus e eu sou Dele.” Acho que foi nesse momento que eu parei um pouco, fechei os olhos e disse: “Ah, então isso é descansar e confiar Nele!”, hum… Agora eu entendi.

Se cuide! ❤

Foto: Atul Choudhary