VALORIZE A VIDA! REAJA!

A vida é cheia de surpresas, de altos e baixos, e também de incertezas, não é mesmo? Um dia a gente está bem, no outro nem tão bem assim. Tem dias que tudo parece estar sob o nosso controle e outros… Ah, nada sai como o planejado!

Comecei a passar mal no início do mês. Ficava indo e vindo da casa pro pronto socorro. Médico daqui e dali e ninguém sabia me dizer o que era de verdade. Me atendiam, mas ninguém conseguia resolver o meu problema. Eu, já aflita por não saber o que eu tinha, só pensava: Eu vou morrer? Chegou realmente a minha hora? Mas assim sem um legado, sem uma conquista, sem despedidas?

Minha família estava preocupada e impotente diante da situação. Procuramos um outro médico, desta vez, particular no meio desse desespero todo. Ele checou todos os exames que eu tinha feito, ouviu a minha história, me examinou e explicou pacientemente o que estava acontecendo comigo.

Recebi um diagnóstico de ansiedade e síndrome do pânico e foi quando eu pensei: O que? Quando foi que perdi o controle? Eu estava bem até outro dia. Quando foi que meu psicológico ficou tão abalado sem eu perceber? Logo eu que sou tão forte?

Não. A verdade é que a gente não é tão forte assim. A gente é humano e estamos sujeitos a tudo nessa vida, nesse mundo, nesse plano terrestre. Nesses dias que pra mim sinceramente foram torturantes, eu pude ver o quão impotente um ser humano pode ficar diante da doença, do medo, do desespero, da morte. A gente não é autossuficiente, não sabemos de tudo e muito menos temos o controle de todas coisas. Nós somos apenas humanos.

Eu vivi algo que não desejo nem mesmo pra pior pessoa desse mundo. Foram os dias mais difíceis da minha vida. A comida não parava no estômago, então só podia ficar com os líquidos pra não desidratar. Eu parecia um chihuahua de tanto que tremia e não era de frio. O coração acelerava e eu achava que ia sofrer um infarto. Me sentia fraca a ponto de um desmaio. A respiração era difícil e a noite eu tinha medo de dormir porque achava que ia morrer.

Eu estava a beira de um colapso. Eu sentia que se não encontrasse uma solução, uma resposta pelo menos, eu acabaria surtando. Eu nunca senti tanto medo. Eu nunca me senti tão frágil e vulnerável. Eu nunca orei e clamei a Deus tanto pela minha própria vida e pela vida dos outros quanto nesses dias.

Foi a primeira vez em anos que eu me senti sensível ao outro de verdade, que me importei com a vida do outro. Eu estava num pronto atendimento e ali haviam várias pessoas com diversos problemas. Problemas esses até maiores que os meus. E eu pedia a cura pra eles também. Continuo clamando pela cura. Continuo orando e agradecendo. Continuo crendo mais do que antes.

Quem sabe esse susto não foi pra me tornar alguém melhor? Uma pessoa menos egoísta, menos individualista, menos arrogante e ignorante.

A gente gosta de dizer como a vida, as pessoas, a saúde e tantas outras coisas são importantes, mas a gente só valoriza de fato quando perde ou fica a ponto de perder.

Valorize a sua vida, cuide dela com carinho! Não desista! Não pare de crer, não pare de lutar! Você é capaz de vencer qualquer desafio, não se desanime!

Nem tudo está sob o nosso controle e está tudo bem. Isso não é razão pra enlouquecer. Porque o que não podemos controlar, Deus pode e Ele sabe lidar com tudo aquilo que pra nós (humanos) é impossível.

O corpo também fala. E o meu disse: Reaja! ❤

Foto: Julian Jagtenberg

O SURTO E O SUSTO

Essa semana tem sido muito difícil. Senti algo tão ruim, mas tão ruim que não desejo nem mesmo para o meu pior inimigo. O diagnóstico inicial… Ansiedade. Foi quando eu pensei: Mas ansiedade do que? Por que logo eu? Por que logo agora? Eu não me sinto ansiosa. Eu nem sequer me preocupo com nada. Por que isso está acontecendo comigo?

A pandemia mudou a rotina de todo mundo. Trabalho, escola/faculdade, a vida fitness ou a vida social aos finais de semana, tudo mudou. Ficamos mais sedentários, entediados, com os olhos ainda mais fixos nas telas (do computador, do celular, da tv), perdendo até a noção dos dias. Todo dia parece domingo.

Sabe aquela frase que diz “a vida muda num instante?”, pois é, muda e é num instante mesmo. Até domingo eu estava bem, cantando, dançando, fazendo as mesmas coisas de sempre. Na segunda-feira pela manhã fui ao banco, passei na faculdade pra buscar meus livros. Até almocei, mas quando foi mais tarde, uau! Achei que ia morrer.

Pensei tanta coisa na hora… É covid, é infarto, é intoxicação alimentar, é a morte, só pode! Fui várias vezes ao médico durante a semana e pedi orações pelas redes sociais (coisa que nunca fiz e nunca pensei em fazer). Eu expus um problema pessoal numa rede social. Minha amiga de longa data quando viu aquilo já me mandou uma mensagem perguntando o que estava acontecendo. Pra você vê que eu não sou o tipo de pessoa que expõe a vida assim.

Lembrei que numa das minhas conversas com Deus eu dizia: “Deus, morrer todos nós aqui vamos morrer um dia e isso eu sei que inevitável, mas quando chegar a minha hora se eu estiver “em dia” pode me levar rápido, mas se eu estiver “em débito”, por favor, não me leve tão rápido, me deixe consciente o suficiente pra me arrepender.” Eu sofri a semana toda, ou seja, de fato tive tempo pra me arrepender (apesar de ter vivido o suficiente pra isso), tive tempo pra agradecer e isso foi o que mais eu fiz.

A maioria de nós costuma lembrar de Deus só nos momentos de aperto, de dificuldades, ou dos maus momentos, dos dias que nada dá certo, eu sou bem assim. Quando está tudo bem apenas segue a rotina, o “deixa a vida me levar”, e vai empurrando tudo com a barriga e fazendo as coisas de qualquer maneira.

Às vezes é preciso um surto e um susto pra fazer a gente acordar pra vida. Pra fazer a gente entender que gratidão não é só pelas coisas grandiosas da vida, mas principalmente pelas mínimas. Eu comecei a agradecer por estar passando mal e receber tratamento, isso deveria ser o básico de um país, no entanto, é um privilégio, pois nem todo mundo pode recorrer a um atendimento mais qualificado, mais humano e minucioso. Eu agradeci pela minha família que estava ali indo e vindo comigo da casa pro pronto socorro e a preocupação deles por não poder fazer mais.

Eu orei pelas pessoas que estavam ali naquele pronto atendimento que estavam numa situação igual ou pior que a minha, faz tempo que não oro assim, então eu pedi que Deus curasse aquelas pessoas também. Acho que foi a coisa mais humana e boa que eu fiz durante esse ano. Existem coisas que os médicos podem fazer e outras que pra eles é impossível, mas pra Deus não existe nada impossível. E ao passar por tudo aquilo eu só pude pensar como Deus é bom e soberano. E o quanto eu sou amada, preciosa e valiosa aos olhos Dele.

Também agradeci pelas pessoas que estavam em oração por mim, gente que nem me conhece ou que já não convive mais comigo, pessoas que nem religiosas são, estavam torcendo pela minha melhora. O nome disso é empatia. E é uma das qualidades que torna o ser humano incrivelmente sensível, em outras palavras… Mais humano.

O susto foi grande, eu confesso. No início tive um pouco de medo e comecei a pensar em todas as coisas que eu ainda queria fazer, a lista vinha na minha mente e as lágrimas escorriam sem parar. E eu dizia a mim mesma: Ah! Tenho 31 anos e não tenho nada. Vou morrer sem ter conquistado nada. Não tirei a carteira, não conheci os lugares que tanto desejei, não terminei a faculdade, não vai dar tempo de fazer a pós-graduação, não formei uma família (e sim até nisso eu pensei), não fui uma amiga tão boa, não fui uma filha obediente, não pratiquei nenhum dos exercícios e esportes que eu queria, e a lista só ia aumentando. Não deixaria legado algum e isso é o mais triste que pode acontecer. Já que a morte é inevitável, a vida precisa ser dinâmica, bem vivida, cheia de histórias pra contar. Embora ela seja finita, ela precisa deixar rastros, precisa deixar um legado. Você pode não deixar um império, uma riqueza material vasta, mas precisa deixar sua história, sua marca, seu registro no mundo e na vida das outras pessoas.

O que eu passei, sinceramente não desejo a ninguém, nem mesmo a pior pessoa do mundo (e olha que essa pessoa acreditava ser eu). No entanto quero te dizer que a vida é isso: instantes. Ela acontece, floresce, dá frutos, mas ela acaba um dia. É por isso que devemos dar mais valor a ela. Cuidar bem dela. Deus se importa com a alma, mas também com o corpo. Se não fosse assim que sentido teria o corpo emprestado que a gente tem? Sim, nós somos uma alma que possui um corpo e não o contrário.

Eu não fiz nenhuma promessa, eu apenas disse que se eu melhorasse eu tomaria vergonha na cara e cuidaria mais de mim, da minha saúde física, emocional, espiritual, mental. Porque a verdade é que todas as áreas da nossa vida estão interligadas, elas andam juntas e contribuem para o bom funcionamento do corpo como um todo. Então, eu disse: Vou me cuidar, vou me amar e vou agradecer mais não o importa o que me aconteça.

O surto e o susto foi apenas o meu corpo gritando: Reaja! Você precisa reagir ou vai morrer sem um legado!

E no meio disso tudo eu lembro de sorrir num determinado momento e dizer pra mim mesma: “Se Ele fizer, Ele é Deus. Se não fizer, continua sendo Deus e eu sou Dele.” Acho que foi nesse momento que eu parei um pouco, fechei os olhos e disse: “Ah, então isso é descansar e confiar Nele!”, hum… Agora eu entendi.

Se cuide! ❤

Foto: Atul Choudhary