CANTE A SUA CANÇÃO DE GUERRA TODOS OS DIAS

“…Oh, homem de tão pouca fé
Não duvide, não duvide
A vitória está em minhas veias
Eu sei disso, eu sei disso
E não vou negociar
Eu vou lutar contra isso
Eu vou me transformar (eu vou me transformar)

Quando, quando fogo está em meus pés novamente
E os abutres, todos começam a circular (circular)
Eles estão sussurrando (sussurrando)
Você está sem tempo, mas eu ainda me levanto
Isso não é um erro, não é um acidente

Quando você pensa no final
A barreira está aí (a barreira está aí)
Pense novamente (pense novamente)
Não se surpreenda
Eu ainda vou subir.” (Trecho da música Rise – State Of Mine)

A melhor canção de guerra é aquela que se canta dizendo que você vai superar seja lá o que estiver vivendo. É a sua voz interior, o seu eu interno gritando que você só perde a guerra se desistir, se parar de lutar e de continuar seguindo em frente.

Todo mundo passa por lutas das quais a gente nem sequer imagina. Não, não é fácil. Não é fácil ver seus planos e sonhos destruídos. Não é fácil receber um diagnóstico inesperado. Não é fácil lidar com a sua própria mente brincando de “roleta-russa” em meio a depressão e ansiedade. Não é fácil continuar seguindo em frente quando tudo começa a ruir, a se desmoronar e dizer “não tem mais jeito”.

Todos os dias é uma batalha. E muita das vezes mal saímos de uma luta e logo em seguida chega outra pra nos desafiar ainda mais. Dói. Lutar não é fácil, mas desistir não trará nenhuma vitória. Nenhuma conquista seja grande ou pequena se dá ao acaso, a sorte ou predestinação. Todas as nossas conquistas vieram e vem das nossas lutas diárias.

Cante a sua canção de guerra todos os dias e cante ainda mais alto nos dias mais difíceis. Naqueles dias que você não quer levantar da cama ou sair de casa. Nos dias que você está a ponto de desistir recobre sua consciência, fortaleça sua fé e resistência. Avance por mais que doa.

Nossas dores e cicatrizes contam histórias. As marcas que carregamos são sinais que vencemos. Que passamos por algo terrível (para nós) e nos faz lembrar que já superamos. Essa dor é passageira. As lutas vem para nos tornar mais fortes a cada dia.

Não desista de si mesmo! Avance! Cante a sua canção de guerra todos os dias e cante ainda mais alto nos dias mais difíceis. Você pode até cair (e muitas vezes vai), mas vai se levantar mais forte, mais resiliente, mais sábio. Você vai se reerguer. Você vai superar isso que está vivendo. Você vai vencer. Sua maior luta não vai te trazer desonra, vai fazer você dizer: “eu venci, então, você também pode vencer.”

Sua maior luta vai te colocar no lugar mais alto e servirá para ajudar os soldados feridos a se levantarem, a reagirem. Sua vida não é um erro. Você não é um acidente. Você é importante e tem um propósito bem maior do que imagina. Continue lutando! ❤

O QUE NÃO NOS MATA, NOS FORTALECE

“…Todos caímos
Vivemos de alguma forma
Aprendemos que o que não nos mata, nos torna mais fortes…” (Trecho da música Sharp Edges – Linkin Park)

Quem nunca ouviu esse ditado “O que não mata, engorda ou o que não mata, fortalece”? De fato, às vezes sentimos dores, passamos por algumas fases difíceis que no início até pensamos que vamos morrer, mas no final percebemos sair delas mais fortes.

Nada nesse mundo é para sempre. Nem mesmo as dores, as lutas, o luto ou qualquer outra coisa que seja. Tenho passado por uma fase difícil nesses últimos 2 anos. Fui diagnosticada com ansiedade, síndrome do pânico e por fim, depressão. Não é fácil mesmo.

Nos dias bons eu sou eu mesma. Uma pessoa alegre, divertida, com ânimo para fazer as coisas do dia a dia, espalhando riso pra todo lado. Nos dias ruins, aqueles dias de crise, eu choro, passo mal, sinto um peso e um desânimo fora do normal. Minha mente fica esgotada e eu no limite do estresse.

No início eu pensava “eu vou morrer ou estou morrendo”, esse mal está me destruindo, já nem me reconheço mais. Eu chorava o tempo todo, não conseguia dormir, não sentia paz, minha alma estava perturbada e minha mente me sabotando cada vez mais. Eu cheguei a pensar e dizia: “eu não aguento mais!”. Eu dizia isso, mas hoje ao olhar para atrás eu só posso agradecer a Deus pelo privilégio da vida e por ter me ajudado a suportar.

Afinal, já são dois anos de luta. Há recaídas sim, eu não nego. Mas hoje eu sei que não é isso que vai me matar. Pelo contrário, é exatamente isso, essa dor, essas crises, esses altos e baixos que tem me tornado uma pessoa mais forte, mais sensível ao outro e a dor do outro, mais empática, mais humana, mais bondosa até comigo mesma. Tudo isso um dia terá fim. Isso não vai ser para sempre.

Eu tenho um amigo que me disse uma vez que eu consigo manter um sorriso no rosto independente da situação. É assim que ele sempre me viu e ainda me vê. Minha mãe de leite outro dia disse: “Você é forte sim. Poderia estar quieta no quarto, mas está aqui comemorando seu aniversário conosco, rindo, brincando e passando mal. Isso é força”.

A força que tenho não vem de mim. Vem de Deus. Ele é quem tem me fortalecido dia após dia. Ele é quem tem cuidado de mim nos pequenos detalhes. O motivo do meu sorriso é por reconhecer a bondade e fidelidade de Deus que me cerca todos os dias.

Muito provavelmente eu esteja passando por isso para no futuro poder ajudar alguém nessa situação que traz desconforto, desespero e tantas dúvidas. Só pode ajudar quem já passou pelo mesmo deserto e saiu dele. Você fala com mais propriedade daquilo que você entende, vive ou já viveu em algum momento da vida.

Independente do que você esteja passando, quero que saiba que você sairá dessa situação sim e mais forte com certeza. Isso não vai te matar. Vai te tornar mais forte e você poderá ajudar outras pessoas a superar também. ❤

O DIAGNÓSTICO

Eu achei que a maior luta que eu enfrentaria na vida fosse a autoestima. Eu estava preparada pra ela. Tinha os altos e baixos, mas não era nada que eu não pudesse lidar.
Até que um dia me veio o diagnóstico dado por um médico competente e que foi uma resposta de oração em meio ao meu desespero.

O diagnóstico? Ansiedade, síndrome do pânico e por fim, depressão. E então me prescreveu os remédios. Meu mundo virou do avesso. E eu fiquei pensando, por que eu? Logo eu que já superei tanta coisa que eu nem sequer contei aos outros. Logo eu que passei por cima de tanta dor em silêncio. Por que eu, Senhor? Por que agora? Logo agora depois de tudo?


Ele ficou em silêncio, mas não saiu do meu lado em nenhum momento.
Fiz o tratamento, depois de 1 ano parei porque já estava melhor. E agora tive que voltar ao tratamento porque tive uma recaída.
Fiquei mais frustrada do que da primeira vez. E Ele? Continuou em silêncio. Ele não respondeu as minhas perguntas, mas Ele usou muitas pessoas para cuidar de mim. Ele não me deu o que eu queria (respostas), mas Ele me deu o que precisava durante todo esse tempo (cuidados, carinho, apoio, força, fé, motivação e lições).


Fazer um tratamento, um acompanhamento médico (clínico, psicológico e/ou psiquiatra) não significa o fim. Não significa que Deus não quer te curar ou que Ele não se importa comigo e com VOCÊ. O tratamento também é um meio, uma das muitas formas de Deus agir. Ele usou um médico para me dar um diagnóstico e gente eu fiquei feliz em saber o que eu tinha. Porque eu ia em vários médicos, postos de saúde e ninguém sabia me dizer o que era e eu ficava cada dia mais apavorada. Eu orava e dizia: Senhor, pode ser o pior, mas me deixa saber. O não saber me abala.

Quando o médico disse o que eu tinha e disse tem cura sim, mas você precisa passar pelo tratamento e se cuidar, aquilo trouxe paz ao meu coração. O processo de cura às vezes é difícil, às vezes é doloroso, mas é necessário.
Você lembra do merthiolate antigo? A gente machucava e a mãe ia lá limpava e passava aquele negócio horroroso que a gente detestava. Ardia. Era horrível, mas logo logo o machucado sarava. Existem feridas que precisam ser abertas e dói. Às vezes sai pus, sangue, fede, mas precisa ser aberta para limpar e desinfeccionar. É um processo doloroso, mas necessário se a gente quiser ser curado.


Não fácil aceitar o diagnóstico. Não é fácil ter que consumir medicações das quais você sequer pensou que um dia iria precisar. Não é fácil lidar com todas essas emoções e incertezas. Não é fácil admitir, eu tenho isso ou eu sofro disso.
Mas recusar é pior.
Quem ama a vida pede ajuda, procura se cuidar sim.


Não deixe o preconceito, os julgamentos ou críticas dos outros falarem mais alto. Não deixe a religiosidade dizer que você não precisa disso. Fé e relacionamento com Deus é uma coisa e religiosidade é outra bem diferente. Abra seus olhos!
É só lembrar da história de um homem que caindo no mar pediu ajuda a Deus. Pediu que Deus o salvasse. Então veio o primeiro barco e tentou salvar o homem e ele recusou dizendo que Deus o salvaria. Veio o segundo barco e ele novamente recusou com a mesma palavra. Pouco depois veio o terceiro barco e foi o mesmo. Ele acabou morrendo e ao chegar no céu ele disse: Por que não me salvou, Senhor? E Deus disse: Eu enviei três barcos e você não entrou em nenhum.

Você entende o que está lendo?
Deus cura.
Deus liberta.
Deus restaura e transforma.
Ele ainda é o mesmo de antes.
Deus salva.
Mas, somos nós que devemos dar ouvidos ao que Ele fala e obedecer.
E Ele fala de muitas formas e para cada um em especial.


Há uma passagem na Bíblia sobre 10 leprosos que foram até Jesus pedindo por cura e Ele pediu que eles fossem até tal lugar falar com umas pessoas. E eles foram, mas no caminho foram curados e somente 1 ao ver que estava curado voltou para agradecer a Jesus.
O que eu quero dizer com isso?
Continue orando e buscando de Deus, mas faça sua parte também. Às vezes a cura não será imediata como a gente quer, mas pode ser no caminho e aí a gente tem que lembrar de voltar para agradecer.


Faça sua parte. Se cuide. Siga as orientações do seu médico. Deus é fiel e vai fazer na sua vida muito mais do que imagina.
Porque a palavra de Deus diz que os planos Dele são maiores que os nossos. São maiores e melhores que os nossos.
Isso que VOCÊ está passando é uma fase para que um propósito maior seja cumprido através da sua vida, da minha vida. E não temos que temer, pois o próprio Deus caminha lado a lado conosco mesmo que a gente ande pelo vale da sombra da morte.
Ele é fiel. 🙏❤️

ROLETA RUSSA

Falta pouco para o ano letivo acabar.

Meu desafio tem sido levantar e ir trabalhar.

Levantar e ir onde eu nem sequer queria estar. Mas eu preciso.

As pessoas dizem: “Calma, vai dar tudo certo!”.

Essa frase é irritante quando se está do outro lado.

Do lado que sofre silenciosamente.

Do lado que sorri quando quer chorar.

Do lado que se segura pra não fazer nenhuma loucura.

Depressão, síndrome do pânico, ansiedade, burnout, ou sei lá mais o quê, é difícil e a maioria não consegue entender. Eu mesma ainda estou tentando.

As pessoas olham pra mim e pensam: “ela é fraca”. Mas elas não suportariam o peso da minha mente brincando de roleta russa.

Eu estou nesse jogo há mais tempo do que você possa imaginar e do que eu deveria suportar. Eu estou nesse jogo há muito tempo, mas agora meu pior lado veio à tona. Não consegui esconder.

Falta pouco. Aguente firme. É o que dizem e é o que eu digo a mim mesma todos os dias.

O que mais eu tenho que aguentar?

Minha mente me sabotando?

A saúde mental sendo desgastada?

O cinismo em forma de abraço?

Eu estou no meu limite e ainda tenho que aguentar?

Eu prometi a mim mesma que não ia surtar, mas já estou à beira de um colapso.

É fácil fazer campanha e ser positivo quando se está do lado de fora.

Quando se está do lado de dentro, no lado mais obscuro de si mesmo, tudo que se quer é ouvir o silêncio, mas isso é perigoso.

O silêncio é lindo e reconfortante, mas pode ser perturbador. Se você não tiver autocontrole, nem consciência, o silêncio significa morte. E muitos estão morrendo. Outros estão lutando. E há aqueles que fingem estar tudo bem pra não incomodar ou ser incomodado.

Será que nada mais importa?

Será que estou falando bobagem como sempre?

Não.

A vida importa.

Independentemente do que possamos estar vivendo, passando, sentindo. Mesmo que a gente esteja numa roleta russa.

Não aperte o gatilho.

Não vá se enforcar.

Não pule do prédio, da ponte ou sei lá mais de onde.

Não interrompa a vida. Nada nesse planeta ou universo. Nada em absoluto é digno de te fazer desistir da vida.

Porque a vida é importante e mesmo que não pareça ela tem um propósito.

Não estou falando bobagem. Estou desabafando como nunca antes. Como uma letra de música. Uma carta ou poesia esquecida.

Se você ainda está respirando significa que ainda há esperança. Você ainda pode mudar. Você ainda tem a chance de mudar seu próprio destino.

A vida é uma dádiva, mas o verdadeiro milagre é fazer cada dia dela valer a pena.

Então, se eu ainda estou aqui contrariando as expectativas, as estatísticas, saiba que VOCÊ também é capaz de resistir.

Não desista! Estamos do mesmo lado. No mesmo barco. E vamos superar tudo isso.

Acredite, pois ainda há esperança pra você e pra mim!

Com amor, de alguém que te admira 💜

(Foto: Shutterstock)

RITA. A MULHER QUE SEGUROU A MINHA MÃO E ME TIROU DA ESCURIDÃO

Seu nome significa “pérola”, “criatura de luz”, “iluminada”. São adjetivos que combinam perfeitamente com ela. Ela que por muitas vezes me defendeu em silêncio. Ela que por outras tantas vezes me apoiou incondicionalmente.

Tenho por ela uma admiração sem igual. Ela é forte, independente, segura de si e está sempre buscando ser cada dia uma pessoa melhor. Foi ela que segurou minha mão quando mais precisei. Me disse coisas que eu precisava ouvir e as disse com respeito, sinceridade e amor.

Se eu a admirava antes, agora admiro ainda mais. Eu achava que estava sendo apenas um incômodo ali naquela escola. Que não fazia diferença em ir ou não ir. Foi quando ela segurou minha mão e disse que eu era importante. Que eu sempre ajudei e que sou uma ótima funcionária sim.

Eu lembro quando fui parar naquela escola pela primeira vez. Eu estava insegura, com muito receio de dar tudo errado. Eu tinha sido remanejada de outra escola onde muitos de lá não gostavam de mim. Eu estava ferida por dentro. Com aquele sentimento de rejeição, sabe? E logo que cheguei na escola, foi ela que me recebeu com as boas-vindas mais calorosas que já recebi. A diretora estava brincando com as crianças no pátio.

Ao ver tudo isso e ser tão bem recebida, eu decidi ficar ali. Apesar de ser um pouco longe da minha casa, sinceramente, não trocaria de lugar. Porque é ali que eu me sinto bem acolhida. Fui bem recebida, bem tratada e ainda sou. Para eles eu não sou um número, uma matrícula, ou uma pessoa qualquer. Eu sou uma pessoa digna de respeito e sou importante para eles de alguma maneira.

Trabalho com uma equipe maravilhosa e sou profundamente grata a Deus por isso. Tenho a plena convicção de que se eu estivesse em outro lugar eu não teria sido tratada de uma maneira tão humana e valorizada como eu fui ali.

Rita, você é mesmo uma pessoa iluminada. Eu disse algo sem pensar e isso acabou te prejudicando e ao invés de me excluir, ignorar ou me julgar, você simplesmente me colocou no meu lugar sem ignorância, sem me faltar com respeito. Você trouxe luz as minhas trevas com suas palavras de sabedoria.

Seu olhar compassivo, suas palavras sábias, seu abraço caloroso e o simples gesto de segurar a minha mão foi o suficiente pra me trazer de voltar. Pra me lembrar de que eu não sou o que me aconteceu e sim o que eu decido me tornar. Me serviu de aprendizado e um alerta pra olhar pra mim mesma. Pra antes de falar aprender a ouvir.

Naquele dia que recebi aquela advertência e você segurou a minha mão, eu decidi que independente do que eu pudesse sentir ou viver, eu seguiria em frente. Eu ia reagir. Eu decidi retribuir sua confiança e seu apoio.

Quando eu mais precisei você se fez presente. E eu espero que quando você precisar de mim eu possa ser um apoio físico e/ou emocional pra você também. Assim como você segurou minhas mãos e me deu forças pra continuar, que eu possa fazer o mesmo por você sempre que precisar. Te amo muito, Ritinha! ❤

A ÚLTIMA A SER ESCOLHIDA

Alguns dos alunos onde trabalho me fazem lembrar da minha época de escola. Me fazem lembrar de mim mesma naquele tempo.

Eu sempre fui aquela aluna mediana, introvertida e que não revelava minhas verdadeiras habilidades. Sabe do que eu mais lembro? De ser a última a ser escolhida. De ser sempre aquela que a professora tinha que encaixar em algum grupo.

Eu odiava trabalhos em grupo. Os colegas que tinham que me aturar no grupo faziam cara de desgosto, “ah, ela não”! Desde a primeira série até o último ano do ensino médio foi assim. Ninguém gostava de mim e eu não gostava deles, mas tinha que me socializar. Eu estava na escola pra aprender não apenas os conteúdos, mas também pra conviver em sociedade.

No ensino fundamental eu era muito boa em jogar queimada. Era uma das poucas atividades em educação física que eu gostava. Era uma das últimas a sair do jogo, mas era a última a ser escolhida pelos colegas (a que restava) e como isso me frustrava. Eu pensava: Eu sou boa nesse jogo, mas por quê não me escolhem logo?

Por vezes me diminui achando que eu era o problema. Achando que não era capaz ou não era boa o suficiente. No fundo eu queria ser reconhecida. Mas tudo que consegui era ser a última a ser escolhida. Eu tinha amigos sim, mas mesmo eles não viam muita coisa em mim, eu entendo. Afinal, eu não revelava o quão inteligente eu era, nem boa em algo.

Já no ensino médio foi pior. Adolescentes, sabe?! Alguns se destacavam pela beleza, outros pela inteligência, outros nos esportes… E eu não destacava em nada. Se não respondesse presente na chamada nem mesmo os professores saberiam que eu estava lá. Eu não me importava em ser “invisível”. O que me frustrava era fazer parte de algo e ninguém perceber minhas habilidades. Como assim eles não veem que sou boa com as palavras escritas? Como assim não percebem que sou melhor nessa matéria do que na outra? São tão ignorantes assim ou só querem me deixar de lado?

Lembro que uma vez o professor de inglês deu uma prova em dupla e ele me colocou com um aluno muito metido. Nitidamente ele estava chateado por não fazer par com uma de suas amigas. A panela perdeu a tampa. Sabe o que me irritou? Não foi o fato de sentar com ele. Eu realmente não me importava com quem o professor me colocava. Foi ele supor que eu não sabia nada da matéria, não me deixar fazer nada e ainda colar na prova porque as amigas estavam sentadas atrás de nós. Resultado? O pior. Tiramos uma nota baixa e ele riu e disse: “Eu nem precisava de ponto mesmo, já passei”.

Tive vontade de puxar ele pelos cabelos. Eu precisava de pontos. Sabia a matéria melhor do que eles. E acharam que por estar sempre tirando notas altas eram melhores do que eu? Ah, me poupe! Ainda bem que esse tempo já foi. Eu era boba demais. Não tinha uma autoestima saudável, tinha dificuldade em dizer o que realmente sentia ou pensava. Deixava minha própria vida à deriva.

Hoje quando vejo os alunos na escola onde trabalho eu até acho graça. Quando os vejo frustrados digo que vai ficar tudo bem e que numa próxima vez eles se sairão melhor. Faço o melhor que posso pra que a autoestima deles não seja prejudicada. Brinco, cuido, ensino, corrijo, e falo sobre suas habilidades. Não quero vê-los se diminuindo, nem se autodestruindo como muitas vezes eu fiz.

Quero que eles sejam felizes. Quero que olhem pra si mesmos e veja o quão inteligentes e capazes eles são. Porque eles são.

Quando digo que vai ficar tudo bem e que numa próxima vez eles se sairão melhor, não estou mentindo, nem reconfortando. Estou dizendo a verdade por experiência própria. E estou dizendo pra mim mesma. Cada dia a gente pode melhorar um pouquinho. Não se preocupe, vai ficar tudo bem, acredite! 😉

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