ARTHUR

Nome forte. Tão forte e lindo que parece nome de rei ou guerreiro. Eu gosto desse nome e gosto ainda mais de um ser bem especial que carrega esse nome.

O significado do nome Arthur tem origem celta e quer dizer “generoso” ou “nobre”. Esse meu pequeno, grande Arthur é assim.

Ele é dono do sorriso, da alegria e energia mais contagiante que já vi numa pessoa. Ele é carinhoso, generoso, inteligente, esperto que só e muito, mais muito lindo.

Ele tem 10 anos, e faz parte do grupo de pessoas com TEA (Transtorno do espectro autista). Sim, ele é autista e ainda não é totalmente verbal. Fala poucas palavras e só quando quer ou quando a gente insiste muito. Eu amo ver ele chegando na escola. Amo ver os pequenos passos rumo ao desenvolvimento dele. Cada detalhe nele me impressiona. Fico admirada!

Apesar dele ainda não falar tanto quanto a gente gostaria, ele entende tudo o que a gente fala com ele. Ele é super atento até ao tom de voz. Percebe nosso carinho, nossa chamada de atenção quando precisa e até mesmo quando a gente está triste.

Outro dia estava brincando com ele no pátio e eu fingi chorar para ver sua reação e pra minha surpresa ele fez uma carinha de preocupado e foi logo me acariciando como quem diz: “Calma, vai passar” ou “vai dar tudo certo, eu tô aqui”. Achei fantástico! Não sabia se ria ou chorava mesmo de tanta alegria.

Pra nós, educadores, nossa maior alegria é ver o desenvolvimento das crianças, dos alunos que estão conosco. E ver crianças e/ou adolescentes que tem alguma deficiência (física, intelectual ou múltipla) ou condição neurológica no caso do TEA (autismo) se superando cada dia mais é motivo de comemoração, de alegria e de muita gratidão a Deus por cada passo que eles dão. Isso deixa meu coração tão feliz que eu chego a me emocionar de verdade com as atitudes e as conquistas deles ainda que sejam pequenas, mas não deixam de ser conquistas.

Quem vê de longe pode até pensar que eu acolho o Arthur. Que sou eu quem ensina. Mas a verdade é que é ele quem me acolhe todos os dias, pois se ele não quisesse a minha presença, eu não conseguiria chegar nem perto, pois ele mesmo já me recusaria. Ele é quem me ensina. Me ensina a ser uma pessoa melhor. Me ensina a ter mais paciência. Me ensina a ser mais alegre. Me mostra que é possível ser feliz com tão pouco.

Ele me mostra cada dia o valor da vida, do carinho, do afeto, da compreensão, do conhecimento e do amor incondicional.

Arthur. Tutu. É o nome da minha dose diária de alegria. Não dá pra ficar triste, deprimido(a) por muito tempo do lado dele.

Meu pequeno e grande Arthur (Tutu) que Deus conserve esse seu sorriso, alegria e energia contagiante sempre e que faça de você ainda mais forte, mais generoso, carinhoso e que te dê tudo que for preciso pra você brilhar nessa incrível jornada da vida! ❤

SEGUIR E SERVIR A CRISTO REQUER OBEDIÊNCIA

“O demônio consegue se disfarçar sob o manto da humildade, mas jamais sob o manto da obediência.” (Faustina Kowalska)

Se dizer ser cristão, levantar a bandeira da religiosidade é fácil. Tão fácil que chega a ser trivial. Da boca pra fora qualquer um diz, qualquer um é. Agora se mostrar cristão, defender seus princípios, servir e seguir a Cristo nas suas atitudes é diferente.

Por que o dizer e o fazer tem pesos tão distintos? Porque o fazer exige obediência. Obedecer é servir, é honrar e nós gostamos de ser servidos e honrados e não o contrário.

É por isso que a frase acima é tão pertinente, principalmente nos dias de hoje. Você reconhece um cristão de verdade não pelo que ele diz, o que ele prega e sim pelo que ele vive. O que ele vive deve estar de acordo com o que ele prega. Ele deve viver sob o manto da obediência.

O manto da humildade até o diabo pode se vestir dele. Já o manto da obediência ele não consegue e aí é que conseguimos discernir entre o joio e o trigo; a luz e as trevas; os que são de Deus e os que não são.

A palavra de Deus é o alimento do cristão. A Bíblia é a sua espada, mas não é feita para o ataque e sim para a defesa. Ela foi criada para sua proteção. Ela é um manual perfeito de vida. De como proceder, de como viver uma vida longa, saudável, feliz e prospera.

Que a nossa vida não seja uma vida de aparências, de disfarces. Não somos espiões. Somos criaturas de Deus e se quisermos ser chamados filhos de Deus devemos sim obedecê-lo. Devemos levar sua palavra a sério e nos alimentar dela se quisermos ser transformados pelo seu poder.

A obediência quebra maldições. A obediência nos leva a caminhos aplainados e nos torna pessoas melhores. ❤

“Purificando as vossas almas pelo Espírito na obediência à verdade, para o amor fraternal, não fingido; amai-vos ardentemente uns aos outros com um coração puro;” (1 Pedro 1.22)

AS PEQUENAS ALEGRIAS DO DIA A DIA

O título parece um tanto quanto clichê, eu sei, mas depois que a gente perde ou quase perde a saúde ou a vida é isso que a gente sente. Alegria pelas coisas mínimas do dia a dia, da vida, da rotina que a gente tem. A gente se torna mais grato pelo que tem ao invés de reclamar e lamentar pelo que falta.

Eu fico alegre por poder comer comida sólida e ela parar no meu estômago. Fico alegre por poder caminhar sem escorar nas coisas ou em alguém. Fico alegre por poder entrar no banheiro e trancar a porta sem medo de desmaiar lá dentro. Fico alegre por conseguir fazer coisas simples como estudar, assistir tv, mexer no celular, limpar a casa (ainda que devagar) sem sentir falta de ar.

Eu fico ainda mais alegre por poder dormir sem medo.

Eu chorava por não me sentir bem, não conseguir comer o que queria e ficar com medo de comer e vomitar. Chorava todas as noites pelo mal estar, falta de ar, uma sensação esquisita que não sabia nem descrever e parecia não querer passar. Tremia igual um chihuahua e não era de frio. Sentia como se uma corrente gelada circulasse pelo meu corpo e só pensava: Meu Deus, o que está acontecendo comigo? Eu não aguento mais.

Eu chorava porque queria fazer as coisas do dia a dia, de uma rotina comum, mas não tinha forças. Eu que nunca tive medo de nada me vi com medo até de dormir sozinha. Teve dias que chamei minha tia pra dormir comigo. E quando minha mãe voltou passei a dormir com ela.

Foram dias de muito sofrimento e preocupação pra mim, pra minha família e todos que ficaram sabendo da minha situação. Eu emagreci muito. E sentia que estava sumindo cada dia mais.

Apesar de todo esse sofrimento eu agradeci por tudo (literalmente). Agradeci porque ainda tinha a quem recorrer, pude ir ao médico, pude comprar remédios, pagar por exames e fazer os exames. Agradeci porque tinha sempre alguém do meu lado me fazendo companhia e me acalmando. Agradeci pelas orações, pela preocupação, e vi o quanto sou amada.

Hoje eu me sinto melhor, bem melhor em vista de como eu estava antes. Meu coração está alegre e grato por tudo. Meu corpo está reagindo. Não estou mais a beira de um colapso, nem mais achando que vou morrer (embora eu saiba que um dia eu vou mesmo). Minha mente está mais forte. E eu vou me refazendo e vivendo um dia de cada vez e com a graça de Deus.

Eu ainda continuo orando. Não mais por medo, mas porque aprendi que oração é um doce remédio pra alma. Aprendi que ela nem sempre muda situações, mas com certeza muda quem a faz. Eu não sou mais a mesma. Ainda não sou a minha melhor versão, mas também não sou mais a mulher insensível, fria, distante, e por vezes indiferente que eu era.

Hoje eu me alegro nas pequenas coisas e não fico frustrada por não fazer mais. Entendo meus limites e digo a mim mesma: Está tudo bem! Você conseguiu fazer isso? Que ótimo! Bom trabalho!

Não se cobre tanto! Não se compare com os outros! Está tudo bem não ser multitarefas! Ninguém pode fazer tudo ao mesmo tempo e ser eficiente em todas as coisas. Pare um pouco! Respira e não pira!

Se alegre com as pequenas coisas! Contemple o simples e o belo da vida, da sua vida principalmente! ❤

Foto: Andre Furtado

DE PONTA CABEÇA

Às vezes a vida nos vira de ponta cabeça e tudo a nossa volta parece não fazer sentido. A sensação de insegurança toma conta e os medos invisíveis aparecem. Sabe o que estou aprendendo? Estou aprendendo a viver além das inseguranças, do medo, do isso não faz o menor sentido, porque no final tudo fica bem se você decidir que quer e que vai seguir em frente.

No final tudo vale a pena!

Cada lágrima, cada choro de soluçar, a dor do aprender e do superar, o conhecimento, as noites em claro, tudo vale a pena.

Certo dia, recebi uma ligação dizendo que estava sendo convocada para trabalhar numa escola. Eu fiquei em choque! Fui contratada para exercer uma função que até então eu desconhecia tanto em teoria quanto na prática. Fiquei tão preocupada, confusa, e confesso…frustrada também. Eu perdi o sono, a fome, o rumo, a paz. A vida me virou de ponta cabeça e eu chorei. Orei e chorei todas noites no meu quarto. Eu senti medo, desconforto e queria que tudo aquilo não passasse de um sonho estranho. Chorei todos os dias depois daquela ligação e durante o processo de admissão.

Na primeira semana de agosto não chorei mais. Conheci as crianças e lidar com elas não era tão complicado assim. Foi quando percebi que o meu maior medo não era as crianças em si e sim não saber lidar com as dificuldades e/ou necessidades delas. O meu maior medo era de ser um fracasso. O medo era de não conseguir ser o que eu precisava ser naquele momento para aquela criança. Ser amiga, professora, auxiliadora, motivadora, ser a atendente de apoio pedagógico necessária.

Até que um dia um menino autista virou para mim e disse: Você é legal! Eu gosto de você! Meus olhos brilharam e eu sorri. Naquele dia as palavras daquele menino ecoaram na minha alma e eu era só gratidão.

Outro dia uma menina de 8 anos voltou correndo só para me abraçar antes de ir embora. Naquele momento me senti importante, me senti amada. E quando elas agarram minhas mãos, meus braços para subir para sala de aula comigo? Ou quando me chamam de tia e vem correndo pra me dar aquele abraço que quase me derruba? É sensacional! Já ganhei beijos, abraços, sorrisos, um convite de aniversário, ganhei a atenção e a confiança delas (o que pra mim é muito significativo), e até um pedaço de bolo de chocolate, acredita? Me senti tão importante, tão amada. E elas dizem: Tia, eu te amo! Tia, você é minha amiga! E eu amo quando elas me chamam de tia ou de professora. É uma sensação indescritível.

Brinco todos os dias com as crianças e adolescentes especiais ou não e sou correspondida com a alegria sincera de cada uma delas. É nessa hora que eu entendo o sentido de felicidade e de riqueza.

Ensino as atividades, chamo atenção quando é preciso e elas entendem tudo muito bem.
Quando isso acontece percebo que não sou tão ruim assim. Que não sou o fracasso ou o completo desastre que imagino ser.
A vida me virou de ponta cabeça, mas agora não choro mais.
Eu rio todos os dias.
No final do dia estou exausta, mas extremamente feliz.
Às vezes o trabalho é estressante? Sim.
Às vezes as crianças quase nos enlouquece? Sim.
Às vezes a gente passa raiva? Lógico.
Mas quer saber de uma coisa? Eu não deixaria de viver um dia sequer. Eu viveria cada dia, cada minuto de novo ao lado daquelas crianças sem pensar duas vezes.

Eu aprendo também. Aprendo um pouco mais sobre amor, respeito, pureza, alegria, felicidade, diversidade, inclusão, sobre ir além do que se vê, sobre imaginação, criatividade e diversão.

Não sou uma pessoa preconceituosa. Eu olho para essas crianças e não sinto nojo, medo, raiva ou dó. Elas são tão humanas, tão importantes e preciosas como eu e você.

Eu enxergo o porquê elas são especiais. São especiais porque nos ensinam o valor da vida nos seus mínimos detalhes, nos ensinam sobre superação, sobre felicidade pura e simples e a riqueza de estar na companhia delas.

Agora sim…Tudo faz sentido! ❤