MEUS 10 MOTIVOS PARA DIZER NÃO A MATERNIDADE

O “eu” do outro não tem que governar o meu “eu”. Cada um sabe de si. Cada um conhece suas qualidades, seus defeitos, suas falhas, seus próprios fragmentos.

Eu quero um sobrinho ou eu quero um neto (a vontade do outro), mas eu não quero ter um filho (a minha vontade).

Por que você não quer ter filho ou filhos?

1º (Sozinha/solo) – Eu não sou casada. E ainda que eu fosse ou que tivesse o melhor parceiro (namorado/marido) do mundo, ainda assim a maternidade é difícil. E querendo ou não, o maior peso, as maiores cobranças cabem a nós, mulheres, carregar. Mesmo que a gente tenha um homem maravilhoso ao nosso lado, parceiro em tudo de verdade, ainda assim nossa maternidade só cabe a nós e ela é por muitas e muitas vezes difícil.

2º (Preparo) – Eu não estou preparada para a maternidade. Gente, não é só parir! É criar, é educar, é ser o melhor exemplo possível de ser humano pra sua criança. Eu definitivamente não sou esse ser humano. Sou paciente com o filho dos outros e por isso mesmo porque é dos outros e a minha responsabilidade é mínima sobre eles. Quando se trata do próprio filho é diferente. A gente sempre acha que vai agir de tal forma, vai ser diferente, vai ser melhor e no final comete os mesmos erros dos pais. No final, mudou só endereço. A bagunça é a mesma. A loucura, a correria é a mesma.

3º (Sono) – Eu gosto e muito, mais muito mesmo de dormir e ter paz. Depois da maternidade tudo muda. O sono não é o mesmo. A gente dorme menos. Preocupa mais. E o filho pode ser maior de idade, ser casado(a) que será sua maior fonte de preocupação. Eu gosto de não preocupar demasiadamente com nada, com ninguém em particular.

4º (Exigências) – Eles exigem muito. Consultas médicas, fraldas, atenção, leite, cuidados, carinho, etc… Gente! Gastos financeiros, gastos físicos, emocional. Filhos devem ser planejados e ainda assim vão nos surpreender porque a única coisa que segue roteiro é novela.

5º (Impaciência e Insegurança) – Sou uma mulher muito impaciente e me irrito com facilidade. Já pensou eu como mãe que loucura que não ia ser?! Um surto e um susto atrás do outro. Pra ser sincera acho que eu ia chorar quase todo dia no ombro do meu marido e dizer: “Bem, olha o que eu fiz! Não sou uma boa mãe, não! Eu queria ter feito isso ou dito isso, mas me irritei e fiz tudo errado. Perdi a paciência! Que tipo de mãe eu sou?” E assim, sem querer ia me cobrar cada vez mais.

6º (Responsabilidade) – É uma responsabilidade para uma vida inteira. Quem pensa direito a respeito de filhos, demora a tê-los ou optam por não ter. Gente, não é por maldade! Quem escolhe não ter filhos não são pessoas ruins. São pessoas que conhecem as próprias limitações e acreditam que não estão aptas a tê-los. Elas podem adorar crianças e ainda assim não querer ter filhos e não tem nada de errado nisso.

7º (Genética) – Filho é 50% dos genes do pai e 50% dos genes da mãe. Sabendo que genética é algo sério e relevante na formação de um novo ser, determinando boa parte de suas características físicas, emocionais, intelectuais e até psicológicas, eu não gostaria de ter um filho com qualquer um. Você gostaria? Que tipo de pai ou mãe você quer para o seu filho? Isso é importante sim.

8º (Ensinamento e Criação) – Não acho justo apenas ter um filho ou colocar uma criança no mundo só pelo status de mãe. Ter um filho vai muito além de parir a criança. É ensinar, é corrigir da forma certa, é brincar e brincar bastante, é permitir o diálogo de igual pra igual, é desafio constante, é joelho no chão, é curtir cada fase e não apenas registrar as “selfies” nas redes sociais.

9º (Medo) – Tenho medo. Medo de não ser a mãe que gostaria de ser. Medo de não me tornar uma pessoa melhor depois que meu filho nascer. Medo de me tornar só mãe e esquecer que também sou mulher, sou esposa, sou filha, sou amiga, sou profissional e que assim como minha criança precisa de atenção, de cuidados, eu também preciso porque não deixei de ser um ser humano e vivo ao me tornar mãe. Ser mãe é uma parte da vida de uma mulher, mas não é toda ela. Porém, muitas mulheres se esquecem disso e vivem só em função da maternidade.

10º (O dia que a gente pensa que nunca vai chegar) – Tudo que nasce, tudo que tem vida, um dia morre. E definitivamente eu não estou preparada para a morte de um filho. Você está?

Claro que ninguém pensa nisso ao engravidar! Na verdade, ninguém pensa que a morte pode chegar. Não é por isso que cometemos tantos erros achando que somos eternos? Não é por isso que vivemos tão levianamente a própria e única vida que temos?

Eu não estaria preparada porque a meu ver eu não viveria tão plenamente, nunca mais.

Por que você não quer ser mãe? Porque não me encaixo no perfil. Não sou qualificada e nem estou preparada para a maternidade. Simples assim!

UM PEPINO PODE SER SÓ UM PEPINO

“Na maioria das vezes, um pepino é somente um pepino.” Sigmund Freud

Parece besta a frase acima acima, né? Mas acontece que ela existe por um motivo. E o motivo é que o ser humano tem a incrível capacidade de exagerar qualquer coisa seja ela real ou imaginária.

Diante de um problema a gente sempre tenta achar uma solução que faça sentido, mas às vezes a gente se perde no “e se” e nas inúmeras possibilidades do porquê tal coisa está acontecendo. O problema em si é uma “lagartixa”, mas a gente insiste em dizer que é um “jacaré” porque na nossa cabeça é isso que ele é. Logo o que vemos é isso. Então o problema se torna maior do que ele realmente é.

Eu já confundi as coisas muitas vezes. Tomei como real algo que idealizei na minha mente. Às vezes a gente quer acreditar que o outro está sempre querendo nos prejudicar de alguma forma, sempre tramando algo pelas nossas costas ou que somos um alvo interessante e vivemos em constante “perseguição”. O nome disso é imaginação fértil. É verdade que existem pessoas não apenas capazes de prejudicar alguém, como realmente o fazem. Mas geralmente, o que acontece de fato é a auto sabotagem. A gente mesmo se prejudica.

As coisas costumam ser mais simples do que imaginamos.

Estamos acostumados ao exagero, ao drama e queremos viver como se tudo fosse um grande espetáculo. É por isso que vivemos em constante ansiedade. Pensamos uma coisa e vemos outra e isso nos frustra, nos decepciona.

A verdade é que precisamos analisar as próprias emoções. Entender quem a gente é e o que é que a gente quer de fato. Aprender a separar a realidade da imaginação. Então, a “lagartixa” não será mais um “jacaré” e sim apenas uma “lagartixa”. É assim que se lida com os problemas. Tendo a clareza do que eles são e do que pode ser feito ou não sobre eles.

Nosso cérebro comanda todo nosso corpo. É a mente que governa sobre o corpo e não o contrário. Porém, somos nós que treinamos a mente.

Se treinarmos nosso cérebro para enxergar as coisas como realmente são, então, vamos parar de viver tão ansiosos sempre enxergando “chifre na cabeça de cavalo”.

A verdade é simples. A gente é que quer ficar enfeitando demais as coisas.

Você já parou pra pensar que um pepino pode ser mesmo só um pepino?

A PROCURA SÓ EXISTE QUANDO HÁ INTERESSE

Quem nunca ouviu ou disse essa mesma frase várias vezes?

“Fulano só me procura quando quer alguma coisa.”

De fato, a maioria das pessoas nos procuram com segundas, terceiras e demais intenções. Mas nós fazemos o mesmo.

Todo mundo quer algo em troca. Todos querem um tipo recompensa. Somos humanos e precisamos dessas trocas, dessa dinâmica de interesse, de aproximação. É justamente delas que vem nossas conquistas sejam elas quais forem.

Todo relacionamento demanda algum tipo de troca. E não existe absolutamente nada nessa vida que não tenha um preço e uma consequência que vão sempre de acordo com nossas ações e reações.

Não acredita em mim? Veja por si mesmo.

Por que você se aproxima das pessoas? Qual o motivo por trás das suas ações?

Elas não são do nada. Até a caridade tem algum tipo motivação.

Eu acreditava que o problema era o interesse. A pessoa te procurar por isso ou aquilo outro. O verdadeiro problema não é o interesse e sim a motivação dele.

Por exemplo, alguém que te procura porque está carente. Ela não te procurou porque sente sua falta ou gosta da sua companhia, da sua conversa, das suas ideias. Ela te procurou porque está carente (não suporta ficar sozinha) e quando a carência dela for sanada, você não significará nada. A pessoa apenas te usou para preencher o vazio dela naquele momento seja de uma forma física ou emocional.

Outro exemplo, é quando alguém vem ao seu salão de última hora. Alguém que vem uma vez ou outra, mas em todas elas sempre quando ela não acha outro lugar disponível. Ela não procurou pela qualidade do serviço nem porque gosta do seu atendimento e sim porque não encontrou outro lugar e você foi a opção que restou. Você foi a última pessoa a ser lembrada e escolhida. Foi a última opção.

É, eu sei. Dá raiva mesmo. E muita.

E é por isso que estamos adoecendo. Por só pensar e enxergar como os outros nos usam.

Nós também já fizemos ou ainda fazemos o mesmo.

Não é o interesse que está errado e sim a motivação.

Qual a sua motivação?

Por que você faz o que faz?

Por que procura aquela pessoa?

Por que são amigos?

Por que você estuda? Por que trabalha? Por que atura quem você não suporta?

Por que visita esse lugar?

Por que vê essa gente?

Por que fica perto dessas pessoas?

Por que vai a igreja ou por que não vai?

Por que fez ou não fez isso ou aquilo?

Questionar nossos pensamentos, atitudes, emoções e reações. Questionar a gente mesmo antes de questionar o outro.

Se preocupar mais com a nossa vida, nossas ações, antes de querer opinar sobre a vida e as ações dos outros.

A gente deveria fazer bem o uso dos porquês não apenas na matéria de português, mas na vida. Pois são essas perguntas que nos aproximam mais da realidade e da verdade sobre nós mesmos. E a partir disso podemos corrigir ou ajustar nossa motivação. Também aprendemos a nos valorizar mais como pessoas e como profissionais, logo, aprendemos a deixar de ser o “quebra-galho”, “o último recurso” ou qualquer coisa que nos faça parecer desqualificados.

Qual a motivação por trás do seu interesse?

QUEM SOU EU PRA JULGAR UM CORAÇÃO APAIXONADO?

Quem sou eu pra julgar um coração apaixonado?

Quando vejo alguém postando “Eu te amo” ou “Amor da minha vida”, eu costumo sorrir. Mas não é um sorriso gentil, alegre de “Own, que lindo!” e sim um sorriso irônico de “Oh, sério! De novo?”. Eu não consigo evitar. O cinismo às vezes fala mais alto.

Hoje eu me autoavaliei. Queria saber o motivo real pra tanto desprezo e ironia. Afinal, eu sou tão comum, tão humana e tão sujeita a paixão como qualquer outro indivíduo.

Quem sou eu pra julgar um coração apaixonado quando o meu próprio já se apaixonou e se enganou tantas vezes?

Quem sou eu pra dizer que o amor daquela pessoa não é real, não é sincero (ainda que seja a 3ª ou 5ª vez no ano)? Não sou eu que sente esse amor e sim ela, então quem sou eu pra dizer o que é real e o que não é? Cada um torna real e eterno o que bem quiser.

Quem sou eu pra sorrir tão ironicamente ao ler palavras que eu mesma já ouvi e já falei em algum momento da vida? “Eu te amo”, “Amor”, “Meu bem”, e tantas outras palavras do dialeto dos apaixonados.

Quem sou eu pra julgar uma pessoa apaixonada quando eu também já fui assim?

Eu também já me apaixonei.

Eu também já fui ridícula como todas as pessoas que hoje eu considero ridículas por suas loucuras num relacionamento. A paixão nos deixa mais vulneráveis do que já somos naturalmente. O que torna tudo instável e altamente perigoso. Um risco ocupacional na vida de qualquer ser humano.

Qual o motivo pra tanto desprezo e ironia?

Inveja? Não. Não sinto inveja dos casais. A maioria deles mentem diante do público que os vê. Alguns só estão juntos por status, pra parecer normal, por medo de ficar só, ou pra suprir uma expectativa sem sentido. E mesmo que não mentissem, eu não sentiria inveja. Eu ficaria feliz por ver que estão juntos pelos motivos certos.

Desilusão amorosa? Ouço muito isso, mas não. Não sou assim hoje por causa de um coração quebrado, partido muitas vezes ou por sentimentos feridos. Esse tipo de coisa é pra aqueles que ainda são instáveis emocionalmente. Pra aqueles que ainda não descobriram só consegue amar de fato o outro quando se tem amor próprio.

O motivo é simples. Meu coração é de pedra. Então não consigo sentir como os outros sentem. Não mais.

Meu coração endureceu não pelos meus relacionamentos que fracassaram; nem tão pouco por desacreditar no amor. Eu acredito nele mais do que em qualquer outra coisa. Meu coração endureceu porque eu decidi não usar e abusar dele. Aprendi que ele é precioso demais pra ser entregue de qualquer maneira, pra qualquer pessoa. Ele é precioso demais pra ser entregue de olhos vendados.

Amor sem razão é carência. E a carência nos faz enxergar amor onde não existe. Dando lugar a paixão que nos cega, nos ensurdece e nos faz vítimas de um coração enganoso, de um amor ocioso.

Amor sem emoção/coração é insuportável. Quem gostaria de ficar ao lado de alguém que não cede tempo, não corresponde o carinho, o olhar atencioso, a conversa e o entrelaçar das mãos na caminhada? Quem quer estar ao lado de uma pessoa fria o tempo todo?

O amor deve ser o equilíbrio perfeito e contínuo da razão e a emoção. Devem estar em harmonia para não exceder os limites. Devem andar juntos para não se desgastarem com o tempo. Não é o amor que sustenta uma relação. É a forma de se relacionar que sustenta o amor.

Então…

Quem sou eu pra julgar os sentimentos e as escolhas que não me pertencem?

Quem sou eu pra julgar qualquer coisa quando eu mesma tenho minhas falhas?

Apesar dos meus fracassos eu nunca deixei de acreditar no amor. Eu apenas escolhi não viver um. Eu apenas escolhi permanecer sozinha porque é minha melhor opção.
Independente do que falarem ou fizerem, eu acredito no amor, no casamento, em família também. E não existe a menor possibilidade de deixar de acreditar nelas. Pra mim o amor foi, é e sempre será fonte de vida, de cura e de liberdade. ❤

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Foto: Shamia Casiano