Ela odeia os próprios filhos e tem seus motivos, mas isso não significa que seja má ou que faça maldades de propósito. Ela não odeia os filhos. Ela odeia o fato de ser mãe.
Romantizam a maternidade como algo incomparável, supremo, quase divino. Elevam as mães e menosprezam as mulheres que só querem ser mulheres.
A maternidade não é a mesma para todas as mulheres. Algumas amam crianças, são tias, madrinhas, mas não querem ser mães e está tudo bem. Não tem nada de errado numa mulher que só quer ser mulher ao invés de se dividir, se desdobrar em mil para dar conta de tudo e de todos ao mesmo tempo.
Algumas mulheres não veem a hora de se tornarem mães e viver essa experiência única e tudo bem também. O que funciona para um não necessariamente funciona para o outro.
Temos que parar de julgar e condenar as mulheres que não querem ser mães. “Ah, mas você pode se arrepender”… Pode? Pode. Assim como pode se arrepender de ter filhos quando na verdade não os queria.
Ter filhos por capricho, por pressão da sociedade ou da própria família, por qualquer outra coisa que não seja uma decisão plena, consciente e conjunta com o parceiro ou parceira é sinal de imaturidade. Um filho é uma responsabilidade enorme. Não é só colocar no mundo, é criar, educar, corrigir, ensinar, ser exemplo para que essa criança cresça e se torne uma pessoa de bem, ética, independente, consciente de quem ela é e do seu papel ou propósito no mundo. E essa é a parte mais desafiadora da maternidade.
Nos contam só a parte boa da jornada materna, as alegrias, as bagunças engraçadinhas, mostram coisas lindas nas redes sociais, mas e os desafios da maternidade? Será que é sempre maravilhoso? A maternidade não é a mesma para todas as mulheres. Algumas tem sorte de terem seus parceiros fiéis e presentes ali com elas até o último momento. Elas tem sorte de terem nos seus homens verdadeiros parceiros não apenas na vida sexual, mas na vida em si. Outras são abandonadas grávidas ou forçadas ao aborto. Algumas tem uma gravidez tranquila, sem maiores preocupações; outras precisam de repouso absoluto ou passam complicações. Algumas não sentem dor na hora do parto ou tem aquele chamado parto humanizado; outras são torturadas na hora do parto e silenciadas na hora da dor.
Não é romântico ser abandonada, rejeitada, desrespeitada ou violentada. Não é romântico sentir dor, perder o sono, ver o corpo mudar e não se sentir mais atraente ou sexy para o próprio parceiro. Não é romântico perder um filho durante a gestação ou durante o parto. Não é romântico querer muito ter um filho e não poder gerar ou ficar anos e anos esperando na fila de adoção para ter enfim o sonho realizado, o filho nos braços. Não é romântico se preocupar 24 horas por dia a vida inteira. Há mais desafios que romance. E nada disso tira o brilho, a força e a beleza dessa mãe que é mãe, mas que muitas vezes esquece que continua sendo mulher.
A maternidade é algo incrível mesmo. É linda e assustadora. Uma experiência que transforma mulheres e homens. A maternidade é algo extraordinário sim, mas nem todas as mulheres querem isso e elas não estão erradas.
Errado é obrigar uma reprodução em massa para satisfazer a “normalidade” da vida e da sociedade. Errado é acreditar que a maternidade é a felicidade suprema. Errado é endeusar os filhos. Errado é esperar e querer que outros sejam todos iguais.
O casamento, a maternidade são escolhas importantes a serem feitas na vida de qualquer pessoa e é por essa razão que não devem ser baseados só em romantismo porque por mais maravilhosos que possam ser não são perfeitos e não tem só a parte romântica, não tem só o lado doce. Tem dias difíceis também… Ô, se têm!
São decisões que precisam ser tomadas de forma consciente, segura, em conjunto com o parceiro ou parceira (afinal de contas são eles os envolvidos, né?). Isso tanto para o casamento quanto para a maternidade.
Então, por favor, não menospreze a mulher que só quer ser mulher! Ela não é inferior porque não é mãe. Há muitos fatores envolvidos para que uma mulher chegue ao ponto de dizer: Eu não quero ser mãe. Ela não é um monstro. Ela é apenas uma mulher que disse não a maternidade.
A maternidade é algo incrível, revelador e emocionante, mas não é só romance. É um misto de emoções que vai do nascimento a morte.
Algumas mulheres são mães e está tudo bem; outras querem filhos gerados no próprio ventre e se não puderem querem tê-los de outras formas (adoção por exemplo) e está tudo bem; Outras não pensam em ser mães, mas pode ser que um dia sejam; E tem aquelas que simplesmente não querem ser mães. Elas podem mudar de ideia? Podem e não há nada de errado nisso. E se não mudarem? Está tudo bem também. A humanidade vai continuar existindo.
Deixem as mulheres serem quem elas quiserem ser! Deixem elas refletirem sobre si mesmas! Não exijam delas algo que elas não se sintam prontas, seguras ou no mínimo confiantes a assumir, ainda mais algo que será pra vida toda.
Há mulheres e mulheres e cada uma com sua própria e única história de vida, de luta, de experiência, de alegrias, de dor, de cura, de quebrantamento e de renovo, de escolhas e consequências. Cada uma com o seu querer e porquê.
Tudo tem seu tempo e propósito nessa vida, ainda que a gente não consiga compreender. Deixem as mulheres serem quem elas quiserem ser! Deixem elas refletirem sobre si mesmas! Não exijam delas algo que elas não se sintam prontas, seguras ou no mínimo confiantes a assumir, ainda mais algo que será pra vida toda.
Mulher, independente de quem quer que você seja hoje (esposa, mãe, dona de casa, profissional ou com uma carreira em ascensão…), lembre-se que você apesar de se desdobrar em mil, você não deixou de ser mulher. Você é linda, inteligente, única, apta para exercer uma profissão com excelência, tem o livre-arbítrio. Deus criou você com amor e perfeição. Encontre sua verdadeira essência e identidade em Deus e seja livre de tudo aquilo que te prende e impede de se tornar a melhor versão de si mesma.
Você não é um objeto, não é uma máquina de fazer bebês, não é descartável, desprezável. Você é um ser humano. Você é digna de respeito e amor. ❤
Foto: Janko Ferlic