NÃO VAI DAR NADA PRA MIM. E SE DER É POUCA COISA

Uma frase dita num tom de brincadeira “Vai dar nada pra mim, não. E se der é pouca coisa”; mas revela uma geração livre de tudo, inclusive de punição, ou melhor, das consequências de seus atos absurdos e desrespeitosos.

Eu que trabalho numa escola pública já vi muito dos alunos levar a bandeira e até debocharem e esfregarem na nossa cara o tal do “não vai dar nada pra mim”. Sabe o que é pior e mais assusta? É que geralmente eles estão certos.

As gerações estão cada vez piores. Essa é a geração mais livre, com acesso a tudo na palma da mão, entretanto, é a geração mais nociva, agressiva, doente e sem senso comum ou noção das coisas à sua volta.

São quase intocáveis. E como sabem disso tiram proveito. Ai de nós, educadores, se porventura ousarmos tocá-los, enfrentá-los ou corrigi-los como antes era possível. Eles podem. E podem tudo. Nós não.

Eles podem nos ofender, machucar, gritar e dizer não. Mas ai de nós se revidarmos! E essa geração tem um agravante… O apoio dos pais. E não estou me referindo aquele apoio emocional, educacional, não. Os pais de hoje em dia (não todos, é claro!) apoiam esses atos “inocentes” de seus filhos. Afinal, nós estamos na era da liberdade!

E assim caminha a humanidade… Rumo ao caos. É sobre isso e tá tudo bem. As pessoas estão confundindo liberdade de expressão com falta de respeito e amor ao próximo. Os valores e bons costumes são coisas ultrapassadas. Agora tudo pode. Limite? Só se for para o cartão de crédito, né bem? Porque as crianças de hoje nem sabem o que é isso e os pais reforçam essa ideia de indisciplina.

Criança de 5 e 6 anos manda e desmanda no professor. Adolescentes nos mandam tomar naquele lugar e tem pai e mãe achando lindo isso. “Meu filho(a) tem personalidade forte”, ele/ela tem opinião própria. Que nada! Seu filho ou filha é sem educação mesmo. Não sabe ouvir um NÃO. E você tem culpa nisso.

Os filhos refletem o que vivem em casa. A ideia inicial era criar uma geração pensante, crítica, consciente, humanizada, não uma geração destrutiva. Essa é a geração mais livre, mas também é a geração mais transtornada e abusiva.

Como você acha que vai ser as próximas gerações se não houver uma intervenção adequada nessa?

“Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda.” Paulo Freire

“Educai as crianças para que não seja necessário punir os adultos.” Pitágoras

“E, na verdade, toda a correção, ao presente, não parece ser de gozo, senão de tristeza, mas depois produz um fruto pacífico de justiça nos exercitados por ela.” Hebreus 12:11

CONVERSA ALEATÓRIA E SEM NOÇÃO

Certo dia eu estava na van e acabei ouvindo uma conversa aleatória e muito sem noção de um homem que estava sentado ao lado de uma senhora (que tudo indicava ser a mãe dele). A conversa deu início quando uma mulher entrou com seu filho cadeirante e com deficiência múltipla. Essa mulher é bem conhecida e sua história também.

O homem estava contando a senhora que aquele era o segundo ou terceiro filho dela “daquele jeito”. Ele disse que os genes dela eram ruins e se não fossem os dela seriam os do pai da criança, já que todos os filhos nasceram defeituosos.

Ele disse que ela tinha que fazer testes genéticos antes de ter um filho. E foi falando mais um tanto de coisa. Quem ouvia a conversa ficava olhando com tristeza pra aquela mulher e pensando: “Coitado do menino (criança)!”.

Eu ouvi tudo aquilo, mas não tive coragem de interromper aquela conversa sem noção. Então, eu só pude ficar ali em pé, com cara de incomodada e muito indignada.

Totalmente sem noção! A mulher estava ali levando o seu filho para fisioterapia e provavelmente ouviu aquela conversa, mas ignorou.

Um teste genético? Sério? Deu vontade de perguntar aquele homem se antes de fazer sexo com namorada ou esposa ele pede um teste genético pra ela e ele também faz um. Afinal, se eles fazem sexo há uma grande chance de engravidar, né?

Geralmente as pessoas só querem o prazer, não a genética. Na “hora H” ninguém pensa em muita coisa, não é mesmo? Não pensam em doenças, em gravidez e muito menos em genética.

Teste genético? Você sabe quanto custa um teste genético pra saber a probabilidade de uma criança nascer saudável ou não? Aquela mulher usa transporte público ou vai a pé aos lugares, usa o SUS e outros meios públicos e gratuitos seja na área da saúde, educacional ou qualquer outra. O que significa que ela assim como muitos não tem uma vida financeira abastada. Ela passa por muitas dificuldades e não é só na área financeira.

O homem não reparou em sua cabeça raspada. O que sugere 2 coisas: Ela podia estar doente ou ela decidiu raspar por ser mais prático para o seu dia a dia. Pra mim, ela é uma mulher forte, bonita, amável e cheia de fé. Ela gerou filhos e os perdeu. Essa é a condição de pessoas que nascem com deficiência múltipla. Não vivem uma vida “normal”, comum como nós. Sua expectativa de vida é curta. No caso dela, ela já perdeu um filho quando ele tinha apenas 7 anos. A cadeira que o menino usava era do irmão que morreu.

Você acha que alguém pensa ou deseja ter um filho nessas condições? Ter um filho considerado normal, saudável já é bem difícil, requer responsabilidade, paciência e amor. Um filho com alguma deficiência requer um trabalho maior, mais árduo. O desafio é grande. Ninguém quer ter ou ser assim, mas às vezes acontece e não é culpa dos pais, nem da criança.

A gente não faz crianças num caldeirão. Não escolhemos os “ingredientes”. Elas vem do seu próprio jeito, com seu próprio e único código genético. E nenhuma delas é um acaso ou um acidente. Elas são um milagre. E nos ensinam mais do que nós a elas.

As crianças daquela mulher aos olhos dos outros eram dignas de pena, mas aos dela eram e são seus maiores presentes de Deus nessa terra. Independente de como vieram, elas não são dignas de pena. São dignas de amor.

Aquele homem não entendeu isso.

Algumas pessoas não entendem e julgam sem saber. Falam do que não conhecem e querem determinar o que está no coração que não é o seu.

Caro leitor, seja sensível ao outro! Não julgue o que você não conhece. Nem tome por verdade absoluta qualquer coisa que você ouve. Busque o conhecimento, a verdade, mas acima de tudo isso tenha sensibilidade pelo próximo, amor e respeito!

Afinal, somos todos humanos e imperfeitos, não é verdade? Todo mundo tem uma deficiência. Ninguém é perfeito. Respeite o próximo seja ele quem for!

MEUS 10 MOTIVOS PARA DIZER NÃO A MATERNIDADE

O “eu” do outro não tem que governar o meu “eu”. Cada um sabe de si. Cada um conhece suas qualidades, seus defeitos, suas falhas, seus próprios fragmentos.

Eu quero um sobrinho ou eu quero um neto (a vontade do outro), mas eu não quero ter um filho (a minha vontade).

Por que você não quer ter filho ou filhos?

1º (Sozinha/solo) – Eu não sou casada. E ainda que eu fosse ou que tivesse o melhor parceiro (namorado/marido) do mundo, ainda assim a maternidade é difícil. E querendo ou não, o maior peso, as maiores cobranças cabem a nós, mulheres, carregar. Mesmo que a gente tenha um homem maravilhoso ao nosso lado, parceiro em tudo de verdade, ainda assim nossa maternidade só cabe a nós e ela é por muitas e muitas vezes difícil.

2º (Preparo) – Eu não estou preparada para a maternidade. Gente, não é só parir! É criar, é educar, é ser o melhor exemplo possível de ser humano pra sua criança. Eu definitivamente não sou esse ser humano. Sou paciente com o filho dos outros e por isso mesmo porque é dos outros e a minha responsabilidade é mínima sobre eles. Quando se trata do próprio filho é diferente. A gente sempre acha que vai agir de tal forma, vai ser diferente, vai ser melhor e no final comete os mesmos erros dos pais. No final, mudou só endereço. A bagunça é a mesma. A loucura, a correria é a mesma.

3º (Sono) – Eu gosto e muito, mais muito mesmo de dormir e ter paz. Depois da maternidade tudo muda. O sono não é o mesmo. A gente dorme menos. Preocupa mais. E o filho pode ser maior de idade, ser casado(a) que será sua maior fonte de preocupação. Eu gosto de não preocupar demasiadamente com nada, com ninguém em particular.

4º (Exigências) – Eles exigem muito. Consultas médicas, fraldas, atenção, leite, cuidados, carinho, etc… Gente! Gastos financeiros, gastos físicos, emocional. Filhos devem ser planejados e ainda assim vão nos surpreender porque a única coisa que segue roteiro é novela.

5º (Impaciência e Insegurança) – Sou uma mulher muito impaciente e me irrito com facilidade. Já pensou eu como mãe que loucura que não ia ser?! Um surto e um susto atrás do outro. Pra ser sincera acho que eu ia chorar quase todo dia no ombro do meu marido e dizer: “Bem, olha o que eu fiz! Não sou uma boa mãe, não! Eu queria ter feito isso ou dito isso, mas me irritei e fiz tudo errado. Perdi a paciência! Que tipo de mãe eu sou?” E assim, sem querer ia me cobrar cada vez mais.

6º (Responsabilidade) – É uma responsabilidade para uma vida inteira. Quem pensa direito a respeito de filhos, demora a tê-los ou optam por não ter. Gente, não é por maldade! Quem escolhe não ter filhos não são pessoas ruins. São pessoas que conhecem as próprias limitações e acreditam que não estão aptas a tê-los. Elas podem adorar crianças e ainda assim não querer ter filhos e não tem nada de errado nisso.

7º (Genética) – Filho é 50% dos genes do pai e 50% dos genes da mãe. Sabendo que genética é algo sério e relevante na formação de um novo ser, determinando boa parte de suas características físicas, emocionais, intelectuais e até psicológicas, eu não gostaria de ter um filho com qualquer um. Você gostaria? Que tipo de pai ou mãe você quer para o seu filho? Isso é importante sim.

8º (Ensinamento e Criação) – Não acho justo apenas ter um filho ou colocar uma criança no mundo só pelo status de mãe. Ter um filho vai muito além de parir a criança. É ensinar, é corrigir da forma certa, é brincar e brincar bastante, é permitir o diálogo de igual pra igual, é desafio constante, é joelho no chão, é curtir cada fase e não apenas registrar as “selfies” nas redes sociais.

9º (Medo) – Tenho medo. Medo de não ser a mãe que gostaria de ser. Medo de não me tornar uma pessoa melhor depois que meu filho nascer. Medo de me tornar só mãe e esquecer que também sou mulher, sou esposa, sou filha, sou amiga, sou profissional e que assim como minha criança precisa de atenção, de cuidados, eu também preciso porque não deixei de ser um ser humano e vivo ao me tornar mãe. Ser mãe é uma parte da vida de uma mulher, mas não é toda ela. Porém, muitas mulheres se esquecem disso e vivem só em função da maternidade.

10º (O dia que a gente pensa que nunca vai chegar) – Tudo que nasce, tudo que tem vida, um dia morre. E definitivamente eu não estou preparada para a morte de um filho. Você está?

Claro que ninguém pensa nisso ao engravidar! Na verdade, ninguém pensa que a morte pode chegar. Não é por isso que cometemos tantos erros achando que somos eternos? Não é por isso que vivemos tão levianamente a própria e única vida que temos?

Eu não estaria preparada porque a meu ver eu não viveria tão plenamente, nunca mais.

Por que você não quer ser mãe? Porque não me encaixo no perfil. Não sou qualificada e nem estou preparada para a maternidade. Simples assim!

MENINO NÃO BRINCA DE BONECA

Em 2018 eu ficava responsável por auxiliar o Vittor (aluno do 4°ano), um menino do TEA (transtorno do espectro autista) tanto em sala de aula, quanto no recreio ou em outros ambientes (sala de vídeo, quadra, excursões). Certo dia, numa aula de educação física a professora deixou as crianças livres para brincar do que quisessem. Uns escolheram o futebol, outros escolheram seus próprios brinquedos.

Eu estava sentada na arquibancada do pátio observando o Vittor brincar com o jogo dos pezinhos (que pintaram no chão da escola) e de repente ele olhou para as coleguinhas segurando uma boneca e ficou observando por uns 2 minutos quando ele se aproximou de mim, segurou minha mão, apontou para as meninas e disse: Olha!

Eu conhecia bem esse gesto. Quando ele fazia isso era porque ele queria interagir e precisava de ajuda para isso.

Então perguntei: Você quer brincar com elas? E ele disse: Sim.

Me levantei e ele colocou seu braço em volta do meu como era de costume. Me aproximei das meninas e falei pro Vittor pedir pra brincar com elas. E ele disse: Ah, deixa eu brincar com vocês! Me dá isso aqui (a boneca)! Não tá segurando direito.

Eu disse: Vittor, não é assim que se diz. Pergunte assim: Eu posso segurar a boneca? Ele repetiu a frase e as meninas deram a boneca pra ele.

Sabe o que ele fez?

Voltamos para arquibancada e ele segurou a boneca como se estivesse segurando um bebê de verdade, embalou a boneca em seu colo, deu a mamadeira, fez o bebê arrotar e dormir. Sim, ele fez tudo que a gente faz com uma criança pequena. Ele cuidou da boneca como se fosse um bebê de verdade. E ele estava feliz. E eu? Fiquei admirada, é claro!

As meninas chegaram até a mim rindo e disseram: Paloma, o Vittor é doido! Menino não brinca de boneca.

E eu disse: O que tem de tão errado nisso? E elas retrucaram: Boneca é de menina.

Foi quando eu disse que o Vittor não é doido. Ele é inteligente, sensível e “brincar de boneca” não o tornaria menos homem.

Eu disse a elas que os meninos se tornarão homens um dia e consequentemente maridos e pais. Portanto, quando meninos brincam de casinha e boneca com as meninas, eles estão adquirindo responsabilidade, sensibilidade. Eles estão desenvolvendo senso de dever, de cuidado, de proteção. Não tem nada de errado nisso.

Elas entenderam e pararam de rir.

A gente vive numa sociedade complicada, que rotula tudo.

Cor não tem gênero e as brincadeiras também não.

Gênero tem o ser humano (masculino, feminino), os animais (macho, fêmea), os textos (gêneros textuais) e por aí vai.

Assim como nós (meninas) brincamos de casinha e boneca imaginando o futuro, imaginando cuidar da casa, do marido, dos filhos, por que um menino não pode imaginar o mesmo? Por que ele não pode se ver como marido, pai, provedor, cuidador do próprio lar?

As meninas disseram o que muitos dizem e a gente ouve bastante que é: Boneca é de menina.

Mas aí eu te pergunto: E os filhos no futuro serão de quem?

Serão só das mulheres (meninas)? O pai vai simplesmente chegar em casa depois do trabalho e não participar de mais nada? Onde fica a responsabilidade dos pais (que um dia foram meninos)?

Casa e filhos não é algo único e exclusivo da mulher (esposa) é do homem (marido) também. Ele é tão responsável pelo lar e pelos filhos quanto a mulher.

Não é ajuda, bem! É responsabilidade.

A mulher não produz uma criança por si mesma. Ela precisa do homem pra isso e vice-versa (porque nenhum ser humano se multiplica sozinho). Então, por que é só a mulher que é cobrada? Por que ela tem que tomar conta de tudo sozinha? Por que o peso maior fica sobre ela antes, durante e depois da maternidade?

Seus filhos não serão menos homens por brincar de boneca. Muito provavelmente eles serão homens melhores, mais responsáveis e pais de verdade. Serão homens que não vão fugir de compromissos.

Tudo é aprendizado. E quando a educação é orientada, é correta, é ensinada no tempo certo, o que vemos é um ser humano íntegro, respeitoso, sensível, sociável, responsável, e seguro de si.

O Vittor foi devidamente orientado e muito provavelmente tenha segurado um bebê de verdade em seu colo, pois ele sabia exatamente o que estava fazendo apesar de ser uma criança. Como segurar um bebê, dar a mamadeira, fazer a criança arrotar e dormir, ele também sabia como trocar a fralda.

E eu? Sempre o admirei. No tempo que fiquei com ele (o ano letivo) não houve um dia sequer que ele não tenha me surpreendido.

Eu certamente aprendi muito mais do que ensinei e fico feliz e grata por isso. ❤

QUEREM CASAR, MAS NÃO QUEREREM SER ESPOSAS OU MARIDOS. QUEREM TER FILHOS, MAS NÃO QUEREM SER PAIS.

A sociedade exige um status de relacionamento, de família. Cobra pesado por ele, mas ela nunca exigiu de fato a responsabilidade por ele.  

Você TEM que se casar, mas não necessariamente tem que SER esposa ou marido. Isso faz sentido pra você? Parece certo? Pra mim não. Casamento não é algo que se deve fazer por impulsividade, por paixão de momento, precisa ser consciente. Ou você acredita que ao casar tudo vai ser lindo e você será feliz para todo sempre? Oie! Acorda, bem! Casamento é convivência diária, é ajuste, é adaptação, é dinâmica, é parceria, é namoro, é unir forças pra continuar dando certo, é paciência pra compreender o outro. É sempre um ajudando e cuidando do outro. Não é só para os bons momentos da vida a dois, é para os maus também. Se você é uma pessoa individualista ao extremo, egoísta, impaciente, desinteressada pelo bem estar do outro, que não quer compromisso, que não reconhece seus erros e que não vai entrar num consenso com seu parceiro(a) na tomada de decisões, então casamento não é pra você. Não seja um fardo para o outro.

Você TEM que ter filho(s), mas não necessariamente tem que SER pai ou mãe. Como assim? Ué, não é só parir e jogar na creche ou na escola, não?! Não é só fazer o filho e pagar pensão, não? Ah-ra! Para sua surpresa e descontentamento não, não é assim tão simples! Não é só fazer um filho e “passar a bola” pra quem você bem quiser. Não é assim que funciona! Filhos precisam dos pais presentes em sua vida (tanto o pai quanto a mãe), precisam de apoio, de atenção, de cuidados. Precisam crescer num ambiente seguro, saudável, estável e aqui não estou falando que seja exclusivamente financeiro. É preciso ter dinheiro pra alimentação, pra medicação, pra vestimenta e outras coisas, sim! Mas você acha que basta ter só dinheiro que tudo se resolve? É claro que não! Se fosse assim rico não passaria por problemas. Seu psicológico, seu emocional precisam estar em boas condições também. Como você vai criar, educar uma criança se você não tiver paciência e maturidade pra isso? E paciência meu bem, é a palavra-chave quando se trata de criança!

Ah, temos TV e celular em casa! Sério? Vai passar a sua responsabilidade pra Peppa Pig, pra Galinha Pintadinha, pro Baby Shark ou pro Luccas Neto, é isso?

Ah, Paloma! Você fala isso porque não tem filho! O dia que tiver vai ver como é difícil! É por isso mesmo que filhos não podem vir de qualquer maneira… Porque é difícil. Porque nem sempre é como a gente pensa ou quer que seja. Gente, não é só colocar a criança no mundo, não! Olha o tanto de criança abandonada, desprotegida, rejeitada que vemos por aí! Não é só querer ter filho(s). É preciso aceitar toda a responsabilidade que vem junto. É a mãe e o pai trabalhando juntos pra criar não uma versão deles no mundo, mas uma versão melhor do que eles para o mundo que vive.

Não tem nada de errado com a pessoa que não quer casar ou ter filho(s). Também não é errado querer se casar ou ter filho(s). O problema mesmo está no TER sem SER. Eu tenho um casamento, mas não sou esposa ou não sou marido. Eu tenho filhos, mas não sou mãe ou não sou pai.

Nós precisamos ser mais conscientes, agir com mais inteligência e não viver só por um STATUS.

Do que vale o casamento se ele for só de aparência?

O que adianta ter filhos se você não os criar, os educar como se deve?

É como ter um diploma e não ser qualificado pra ele ou não exercer sua função. Só vai servir de enfeite. É só pra mostrar que tem.

É muito triste essa nossa falta de tato e noção para as coisas. É pior ainda quando cedemos a vontade de uma sociedade que é como um buraco negro engolindo tudo e não se satisfazendo com nada. Isso é o que torna a sociedade cada vez mais doente.

PROFESSORES E SUAS VIDAS FÁCEIS

Pra quem aí pensou que professor tem uma vida fácil se enganou feio! E muitos dos pais que ficavam revoltados achando que seus filhos nada aprendiam por causa dos professores, agora (por causa da pandemia) estão sentindo na pele o quão difícil é ensinar.

Se ensinar uma única criança é difícil, imagine-se numa sala de aula com 30 a 40 crianças. E cada uma é única. Cada uma tem um nível de aprendizagem diferente, personalidade diferente, educação ética e social (que vem de casa) diferente.

O professor não tem uma vida fácil e nem ganha o suficiente pra isso. E muitas vezes (pra não dizer quase sempre e quase todos) eles não recebem nem o mínimo de respeito que merecem. Já vi professor sendo humilhado em sala de aula pelo aluno, xingado, agredido fisicamente e sabe o que é pior? Alguns pais apoiam esse tipo de atitude. Eles sim são indefesos porque não podem revidar da mesma forma. Aliás não podem revidar de forma alguma. Se o fazem são monstros sem coração, sem piedade. Se não o fazem são covardes. Não existe defesa para o professor.

Essa é a sociedade em que vivemos. Direitos humanos? Direitos da criança e do adolescente? E onde está o direito do professor? O professor já não tem mais autoridade em seu próprio ambiente de trabalho. Ele é ridicularizado, desmoralizado pelos pais dos alunos e/ou pelos próprios alunos. O que aconteceu com a sociedade ao longo dos anos? Ganhamos a liberdade e perdemos o bom senso, é isso?

Em toda e qualquer época sempre há rebeldia e no meio educacional não é diferente. Porém, isso só revela que o fato desse aluno xingar, agredir, confrontar de forma abusiva o que lhe é ensinado, é apenas um reflexo do que ele vive. A educação primordial não é responsabilidade da escola, de um professor ou de um pedagogo. É dos pais, dos responsáveis por essa criança.

Aquela frase “Educação vem de berço” não é à toa. É daí mesmo que ela vem. São os pais ou responsáveis que devem ensinar sobre respeito, sobre conviver bem em sociedade, sobre a vida e suas diversas formas. A escola só reforça esses ensinamentos (sociais, morais, éticos) e adiciona a base curricular.

Não pense que a vida de um professor é fácil porque não é.

Eles precisam estar atentos as mudanças, precisam pensar em estratégias pra atrair a atenção dos alunos para que eles possam tirar o máximo de proveito da aula. Eles precisam ser criativos. Precisam se adaptar aos ensinos e as tecnologias que vão surgindo no cotidiano. Não é só pegar um livro e escrever no quadro. É preciso conhecimento pra isso.

Ensinar é trabalhoso, cansativo, dinâmico e ao mesmo tempo divertido, mas nem todo mundo tem habilidade pra isso.

Então, por favor, ensine seus filhos a terem mais respeito pelos professores! Não só porque eles merecem, mas porque é o certo.

Afinal, agora você está sentindo na pele que ensinar as matérias ao seu filho ou aos seus filhos 4h por dia de segunda a sexta não é assim tão simples e fácil como você imaginava, né?

MATERNIDADE

Ela odeia os próprios filhos e tem seus motivos, mas isso não significa que seja má ou que faça maldades de propósito. Ela não odeia os filhos. Ela odeia o fato de ser mãe.

Romantizam a maternidade como algo incomparável, supremo, quase divino. Elevam as mães e menosprezam as mulheres que só querem ser mulheres.

A maternidade não é a mesma para todas as mulheres. Algumas amam crianças, são tias, madrinhas, mas não querem ser mães e está tudo bem. Não tem nada de errado numa mulher que só quer ser mulher ao invés de se dividir, se desdobrar em mil para dar conta de tudo e de todos ao mesmo tempo.

Algumas mulheres não veem a hora de se tornarem mães e viver essa experiência única e tudo bem também. O que funciona para um não necessariamente funciona para o outro.

Temos que parar de julgar e condenar as mulheres que não querem ser mães. “Ah, mas você pode se arrepender”… Pode? Pode. Assim como pode se arrepender de ter filhos quando na verdade não os queria.

Ter filhos por capricho, por pressão da sociedade ou da própria família, por qualquer outra coisa que não seja uma decisão plena, consciente e conjunta com o parceiro ou parceira é sinal de imaturidade. Um filho é uma responsabilidade enorme. Não é só colocar no mundo, é criar, educar, corrigir, ensinar, ser exemplo para que essa criança cresça e se torne uma pessoa de bem, ética, independente, consciente de quem ela é e do seu papel ou propósito no mundo. E essa é a parte mais desafiadora da maternidade.

Nos contam só a parte boa da jornada materna, as alegrias, as bagunças engraçadinhas, mostram coisas lindas nas redes sociais, mas e os desafios da maternidade? Será que é sempre maravilhoso? A maternidade não é a mesma para todas as mulheres. Algumas tem sorte de terem seus parceiros fiéis e presentes ali com elas até o último momento. Elas tem sorte de terem nos seus homens verdadeiros parceiros não apenas na vida sexual, mas na vida em si. Outras são abandonadas grávidas ou forçadas ao aborto. Algumas tem uma gravidez tranquila, sem maiores preocupações; outras precisam de repouso absoluto ou passam complicações. Algumas não sentem dor na hora do parto ou tem aquele chamado parto humanizado; outras são torturadas na hora do parto e silenciadas na hora da dor.

Não é romântico ser abandonada, rejeitada, desrespeitada ou violentada. Não é romântico sentir dor, perder o sono, ver o corpo mudar e não se sentir mais atraente ou sexy para o próprio parceiro. Não é romântico perder um filho durante a gestação ou durante o parto. Não é romântico querer muito ter um filho e não poder gerar ou ficar anos e anos esperando na fila de adoção para ter enfim o sonho realizado, o filho nos braços. Não é romântico se preocupar 24 horas por dia a vida inteira. Há mais desafios que romance. E nada disso tira o brilho, a força e a beleza dessa mãe que é mãe, mas que muitas vezes esquece que continua sendo mulher.

A maternidade é algo incrível mesmo. É linda e assustadora. Uma experiência que transforma mulheres e homens. A maternidade é algo extraordinário sim, mas nem todas as mulheres querem isso e elas não estão erradas.

Errado é obrigar uma reprodução em massa para satisfazer a “normalidade” da vida e da sociedade. Errado é acreditar que a maternidade é a felicidade suprema. Errado é endeusar os filhos. Errado é esperar e querer que outros sejam todos iguais.

O casamento, a maternidade são escolhas importantes a serem feitas na vida de qualquer pessoa e é por essa razão que não devem ser baseados só em romantismo porque por mais maravilhosos que possam ser não são perfeitos e não tem só a parte romântica, não tem só o lado doce. Tem dias difíceis também… Ô, se têm!

São decisões que precisam ser tomadas de forma consciente, segura, em conjunto com o parceiro ou parceira (afinal de contas são eles os envolvidos, né?). Isso tanto para o casamento quanto para a maternidade.

Então, por favor, não menospreze a mulher que só quer ser mulher! Ela não é inferior porque não é mãe. Há muitos fatores envolvidos para que uma mulher chegue ao ponto de dizer: Eu não quero ser mãe. Ela não é um monstro. Ela é apenas uma mulher que disse não a maternidade.

A maternidade é algo incrível, revelador e emocionante, mas não é só romance. É um misto de emoções que vai do nascimento a morte.

Algumas mulheres são mães e está tudo bem; outras querem filhos gerados no próprio ventre e se não puderem querem tê-los de outras formas (adoção por exemplo) e está tudo bem; Outras não pensam em ser mães, mas pode ser que um dia sejam; E tem aquelas que simplesmente não querem ser mães. Elas podem mudar de ideia? Podem e não há nada de errado nisso. E se não mudarem? Está tudo bem também. A humanidade vai continuar existindo.

Deixem as mulheres serem quem elas quiserem ser! Deixem elas refletirem sobre si mesmas! Não exijam delas algo que elas não se sintam prontas, seguras ou no mínimo confiantes a assumir, ainda mais algo que será pra vida toda.

Há mulheres e mulheres e cada uma com sua própria e única história de vida, de luta, de experiência, de alegrias, de dor, de cura, de quebrantamento e de renovo, de escolhas e consequências. Cada uma com o seu querer e porquê.

Tudo tem seu tempo e propósito nessa vida, ainda que a gente não consiga compreender. Deixem as mulheres serem quem elas quiserem ser! Deixem elas refletirem sobre si mesmas! Não exijam delas algo que elas não se sintam prontas, seguras ou no mínimo confiantes a assumir, ainda mais algo que será pra vida toda.

Mulher, independente de quem quer que você seja hoje (esposa, mãe, dona de casa, profissional ou com uma carreira em ascensão…), lembre-se que você apesar de se desdobrar em mil, você não deixou de ser mulher. Você é linda, inteligente, única, apta para exercer uma profissão com excelência, tem o livre-arbítrio. Deus criou você com amor e perfeição. Encontre sua verdadeira essência e identidade em Deus e seja livre de tudo aquilo que te prende e impede de se tornar a melhor versão de si mesma.

Você não é um objeto, não é uma máquina de fazer bebês, não é descartável, desprezável. Você é um ser humano. Você é digna de respeito e amor. ❤

pexels-photo-590496

Foto: Janko Ferlic

 

OS FILHOS QUE NÃO SÃO MEUS

Dizem que depois de ser mãe a vida de uma mulher muda e que ela passa a se sentir plena, feliz e realizada. Acredito nisso!

Mas quando me disseram isso era do ser mãe no contexto convencional, sabe? Do gerar, do esperar os 9 meses, do curtir o “barrigão”, do parto e de tudo que se vive depois. É nessa parte que eu nunca consegui entender. Eu preciso gerar no meu ventre uma criança para ser mãe? Então, de onde vem esse “instinto maternal” tão aflorado se eu não sou mãe, e nunca cheguei nem perto de ser? Ah…como as pessoas se enganam e se elevam tanto por meros detalhes!

Para mim a mãe adotiva é tão mãe quanto aquela que gerou. O amor, o vínculo que se cria é tão intenso quanto aquele formado no ventre. Toda mãe é importante, seja ela a que gerou, a que criou, a que sonhou, a mãe de leite, a mãe espiritual… É mãe.

Hoje faço parte de um grupo de educadores e sendo bem sincera me sinto mãe em alguns momentos sim. Eu educo, eu corrijo, eu protejo, eu brinco, eu tenho que me adaptar as novas situações, eu me preocupo, eu me emociono com as conquistas das crianças e quando vejo já estou chamando eles de meus alunos, minhas crianças, minha cria ou meus filhos. E quer saber? Eu amo isso.

Quando eles me abracam é consolo.

Quando eles me beijam é carinho.

Quando eles me olham e sorriem pra mim, me tão feliz quanto uma mãe se sentiria. Eles me chamam de tia ou de professora e meu coração transborda de gratidão por estar ali, por viver esses dias com eles que são únicos. Existem dias difíceis e que penso que não tenho feito diferença nenhuma, mas se fazer uma criança feliz, se ver no rosto de uma mãe a alegria de ver que seu filho ou filha está sendo bem tratado por você não é fazer a diferença, então não sei o que é fazer a diferença dentro de uma escola.

Eles tem as suas famílias. Cada uma é única e importante. Mas eu cuido como se fossem meus. Os filhos são jóias preciosíssimas, são bençãos de Deus e devemos cuidar muito bem deles.

A minha vida mudou. Eu mudei. Não me tornei mãe no sentido convencional, mas talvez a criança mais carente me enxergue como uma mãe pela falta de uma ou porque vê em mim a mãe que gostaria de ter.

Eu não me envergonho pelo cargo que exerço. Eu sinto que sou tão importante ali como qualquer outro educador.

Eles são os filhos que não são meus, mas quero tratar cada vez mais como se fossem, porque sei que todos precisam de amor, de cuidado, carinho, atenção, de educação adequada e de respeito acima de tudo. Não é porque não são meus filhos que devo tratar de qualquer jeito ou como se não fossem importantes. Precisamos ter mais empatia uns pelos outros.

Tem mães que geram no ventre, outras que geram no coração.

Tem mães que esperam 9 meses pra conhecer o filho, outras que esperam anos e anos por um.

Tem mães que vão para um hospital, outras que vão para um orfanato.

Tem mães que dão à luz, outras que são a luz em meio a escuridão.

Pra mim são apenas detalhes, porque mãe é mãe independente da forma que concebem seus filhos. ❤

pexels-photo-754769

Foto: Archie Binamira