No início era inveja. Eu tinha inveja de quem sabia escrever bem, se expressar, se comunicar. Meu amigo tinha uma participação num blog que eu lia e eu ficava admirada o quanto ele e os outros escreviam tão bem. A naturalidade do escrever, do uso da linguagem de forma tão inteligente e parecia tão fácil, tão nato pra eles. Eu quis isso pra mim também e foi assim que criei o meu blog.
Não foi por hobby. Foi por inveja, eu admito. Naquela época eu queria ser vista, ouvida, lida. Eu queria aparecer como os outros apareciam. Eu sempre gostei de escrever, mas quando eu vi que minha escrita podia ser lida por outras pessoas e até mesmo por pessoas de outros países, meu ego falou mais alto do que minha paixão pela escrita. Logo, eu me vi tão ávida e presa pelos likes.
Eu gostava de ver a notificação de “fulano(a) curtiu o seu post”, cicrano(a) está te seguindo. Aquilo alimentava meu ego e eu me sentia a escritora, a blogueira, a tal. Quando eu via que outra pessoa escrevia melhor do que eu, usava palavras mais bonitas ou melhor colocadas, tinha um domínio linguístico ainda melhor que o meu, ou se comunicava de forma mais inteligente e conseguia alcançar mais pessoas, logo eu me via pequena de novo.
Foi quando eu parei e fiz uma auto reflexão. Deixei a inveja de lado e voltei a estaca zero. E me perguntei: Por que eu escrevo? Pra quem eu escrevo? O like é realmente importante ou é mais importante a reflexão no final da leitura? Quem é mais importante: a vida daquela pessoa ou o joinha que ela deixa e logo esquece?
Nem só de likes vive um ser humano, não é mesmo? Mas a verdade é que muitas vezes a gente se deixa levar. O ego às vezes fala mais alto do que os valores. Às vezes a gente se encontra numa carência de atenção tão grande que a gente esquece do que realmente é importante.
Não estou dizendo que não é bom ter seguidores, curtidas, nem alcançar pessoas de todo o mundo. Estou dizendo que a gente não deve viver em função dos ícones das redes sociais, nem de superficialidades. A gente deve ter consciência de conteúdo, de vida. O que a gente está levando para o outro? Que tipo de conteúdo eu quero passar? Porque do mesmo jeito que a gente é influenciado, a gente também influencia o outro. E aí está o grande desafio, a arte de comunicar, de transmitir, de fazer a diferença. O desafio é levar um bom conteúdo para o outro. Algo que seja bom, útil, agradável, divertido ou que leve o outro a repensar ou até mesmo a pensar.
O fulano muitas vezes só dá o like pela imagem. Às vezes nem leu o conteúdo. As pessoas são mais atraídas pela capa do que pelo conteúdo. A notificação do joinha, do coraçãozinho, do balãozinho, do novo seguidor é bom? É bom, mas não é tudo. Melhor do que isso é quando alguém lê meus textos e se identifica e repensa a vida. Melhor ainda é saber que o meu post alegrou o coração de alguém ou serviu de conforto ou consolo.
No início criei muitas redes sociais por inveja, esse blog foi uma delas. Eu queria aparecer. Hoje eu quero aprender a aprender.
Não é mais inveja, mas também não é um hobby. É uma necessidade de ouvir e ser ouvida, ou melhor, lida. Uma necessidade de ensinar e de aprender. É se comunicar de forma simples e fácil de ser compreendida.
O ser humano não precisa de likes pra viver. Ele precisa de amar e ser amado. Ele precisa de comunicação, interação, de socialização.
Mais do que o like (gostar, curtir) é o live (viver). ❤