PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DAS FLORES

Pra não dizer que não falei das flores…

A vida é linda, intensa e breve como as flores.

Nasce, desabrocha, exala seu perfume único e por fim, morre.

E outras flores nascem e seguem o mesmo caminho.

Outro dia eu postei um vídeo no meu canal no YouTube e recebi muitos comentários odiosos. A eu de antes, que não sabia florescer e era exatamente como essas pessoas carentes de amor e bom senso teria retrucado, descido e usado do mesmo tom e grosseria.

Mas até as flores ensinam. Não foi pra viver uma vida seca e odiosa que Deus nos chamou. Foi pra viver uma vida leve e abundante. Cheia de desafios e aventuras, mas sem pesar, sem perder nossa essência. Então, eu simplesmente apaguei aqueles comentários disfarçados de “opinião” ou “sinceridade” e segui meu dia.

A vida é breve demais pra perder tempo com coisas desnecessárias e superficiais.

Precisamos ser como as flores que mesmo em meio às dificuldades dão o seu melhor e florescem.

Exalam seu perfume único.

Porque no fim… as pétalas murcham, secam e desfazem ao vento.

Floresça onde quer que estiver.

FLORES DA PSICANÁLISE

Quem nunca ouviu suposições de si mesmo pelas costas? Tem sempre alguém pra nos vigiar pela janela. A maioria das pessoas gosta de suposições, de achismos, de “disse me disse”, ao invés de conferir a história, os fatos. Vislumbram o drama, mas ignoram os bastidores e é lá que muitas vezes a verdade é escondida.

Um dia alguém virou pra mim e disse: “Margarida disse que você sofre de depressão”. “Dona Flor disse que você é bipolar”. O engraçado é que Margarida, Dona Flor e tantas outras flores da psicanálise não me conhecem tão bem quanto acreditam conhecer e nem são formadas em psicologia pra poder diagnosticar alguém. Elas apenas espreitam pelas janelas pra saber da vida dos outros.

As flores da psicanálise não são psicanalistas, são pessoas comuns (como eu e você) julgando um livro pela capa. Julgando com base em experiências próprias, mas sem tato algum pra lidar com o outro.

Através de muita observação, estudos e características ou comportamentos que se encaixam, é possível sim determinar perfis e até mesmo uma causa ou algum tipo de transtorno, distúrbio ou doença. Porém, de forma muito superficial já que não temos tantos fundamentos como um psicólogo ou psiquiatra.

Eu não tenho depressão. E até onde eu sei não tenho nenhum tipo de transtorno. A verdade é que eu só não gosto de muitas coisas e até mesmo de pessoas, admito. Prefiro ficar sozinha porque me sinto confortável assim. Não tenho medo da solidão. Tenho mais medo de estar acompanhada porque aprendi que algumas companhias podem ser mais vazias do que eu e isso é altamente sufocante e perigoso.

Já passei por momentos difíceis. Já desejei a morte, não vou negar. Mas tudo isso foi passageiro. Não gosto de ficar presa a nada. Todo mundo passa por períodos, por fases. A vida é como as estações do ano. Não é verão o ano inteiro. Ninguém é só alegria ou só tristeza. Há sempre um misto de emoções fluindo em nós. Se não houvesse esses altos e baixos na vida… Se a gente permanecesse constante em absolutamente tudo, o que seríamos? Como estaríamos?

Quanto a bipolaridade… Não somos todos?

Nós somos matéria. Uma grande massa de átomos. Uma grande massa de energia. Somos como as pilhas. Todos nós possuímos 2 polos. Um positivo e um negativo. Atingir e manter o equilíbrio é que é o grande desafio.

Eu costumava ficar cansada de tanto tentar manter o equilíbrio, sabe. Ainda me estresso por ter que deixar minha mente sempre barulhenta para não ser rude com os outros. Às vezes tudo que quero dizer é: “Não, eu não quero ouvir você.” ou “Não, esse assunto não me interessa.” ou ainda… “Não, eu realmente não gosto de você.”  “Não, eu não senti saudade”. “Eu estou aqui porque preciso conviver em sociedade. Não porque é algo que eu queira”. Isso faz de mim uma hipócrita, eu sei. Pensar uma coisa e dizer outra só pra não ferir ainda mais quem quer que seja.

O que eu sinto não é depressão. É aflição. Fico aflita por não conseguir dizer o que realmente quero dizer ou fazer o que quero. Eu disse que odeio ficar presa, mas a verdade é que não consigo sair. Apesar de realmente não sentir nada profundo pelas pessoas a minha volta, apesar de não sentir um vínculo permanente, eu reconheço o que é certo e o que é errado. E por reconhecer isso é que me permito estar presa.

Mesmo não sentindo nada por elas, machucá-las não é o certo. E na vida a gente precisa escolher entre o que é certo e o que é fácil. Eu estou acostumada com a dor por isso não me importo de guardar algumas coisas pra mim, mas essas pessoas são frágeis demais pra suportar a dor que eu possa lhes causar por simplesmente dizer o que eu penso.

É muito fácil ferir com palavras e com ações também. Mas o certo é curar. Fazer o que é certo é difícil porque isso implica muitas e muitas vezes em suprimir a própria vontade. Parece que a gente está sempre fingindo, mas não é isso. Na verdade a gente está cuidando pra que o pior de nós não saia do controle e transforme tudo em uma verdadeira tragédia.

Meu polo geralmente é negativo e está tudo bem porque mesmo assim eu consigo lidar comigo mesma e com os outros. As pessoas que falam de nós pelas costas são as que não nos conhece de verdade e nunca chegarão a conhecer. Todo mundo só revela uma parte de si mesma ao mundo. A outra parte fica encoberta, não por ser um lado difícil de lidar, mas sim por ser ao tão profundo, tão íntimo que não pode ser revelado a qualquer pessoa. É algo reservado apenas para aqueles que não temem a profundidade. É algo reservado apenas para aqueles que de fato permanecerão firmes do nosso lado.

Eu costumava ficar cansada tentando atingir o equilíbrio de qualquer maneira. Agora, eu me aceito mais, respiro fundo e tento melhorar um dia de cada vez. É assim que a gente consegue caminhar… Um passo de cada vez. É assim que a gente atinge e mantém o próprio equilíbrio.. Respeitando nossos limites e superando nós mesmos. ❤

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Foto: pixel2013/pixabay