EU NÃO SOU UMA GAROTA TÃO COMUM ASSIM

Certo dia um rapaz virou pra mim e disse: “Você não é bonita nem feia. Você é comum.”

Outra vez alguém disse: “Meninas gostam dessas coisas fofinhas, gostam de maquiagem e de fazer compras sem parar.”

Foi quando comecei a pensar mais sobre mim mesma e descobri que não sou tão comum quanto pareço.

Na verdade, nunca fui como as outras garotas. E não me sinto nenhum pouco mal por isso. Gosto de ser como sou (claro que há muito o que melhorar ainda).

Se você pensar em padrões vai perceber que eu nunca me encaixei em nenhum deles e houve uma época da minha vida que achei mesmo que eu tinha que caber nesses padrões absurdos.

Eu concordo com o que o rapaz falou. Não sou bonita nem feia. Tenho de fato uma aparência comum. Nada que se destaque. Isso na aparência é claro!

Mas nunca fui tão comum como as outras garotas.

Elas gostavam de bonecas. Já eu… Queria ser livre como os meninos. Correr, pular, escalar muros e árvores, jogar bola, fazer algum tipo de arte marcial, essas coisas mais empolgantes. Boneca era só quando ia brincar de casinha (sim eu brinquei muito de casinha) ou quando alguma amiga chamava pra brincar com ela. Mas nunca fui fã (talvez seja porque achava elas estranhas e algumas até medonhas).

Na adolescência eu via as colegas se maquiando, fazendo vários penteados no cabelo, falando sobre namorados. Já eu… Queria apenas jogar vídeo game, ter um All Star, brincar até mais tarde na rua. Eu queria ter um namorado também, mas nunca fui o tipo ideal de ninguém. Eu era estranha demais pra alguém se interessar de verdade.

Eu gosto de coisas fofinhas e delicadas (às vezes). Mas me interesso pelas coisas mais radicais também. Como Bungee Jump, paraquedismo, rapel (embora não tenha feito nenhuma delas ainda), tiro ao alvo, paintball e coisas desse tipo.

Elas costumavam assistir a filmes românticos. Já eu… Preferia ver os de terror, os de ação com lutas e explosões, filmes sobre guerras, filmes com samurais. Eu gostava de assistir um pouco de basquete, hóquei no gelo, os campeonatos de UFC e a fórmula 1. Também gostava das séries de investigação criminal (essas são minhas favoritas até hoje).

Elas sabiam se vestir. Já eu… Não entendia nada de moda. Vestia o que achava que combinava e achava legal. E já fui criticada diversas vezes por não ter um estilo específico e por não “saber me vestir”.

Elas sabiam se maquiar. Se produzir como modelos. Já eu… Sempre fui um pouco desajeitada. Eu era bem vaidosa quando criança. Cresci vendo minha mãe sempre se arrumando, e ela também não deixava a gente sair mal arrumado, sabe. Então, acabei crescendo fazendo o mesmo porque eu achava tudo aquilo incrível mesmo eu não tendo nenhum bom gosto ou senso pra moda. Mas com o tempo se produzir tanto assim se tornou cansativo.

Eu levo mais de 1h pra conseguir me produzir e tentar ficar mais apresentável como nessa foto aí. E eu detesto demorar tanto assim pra ficar pronta pra sair. Odeio chegar atrasada em qualquer lugar ou pra qualquer evento que for. Esse negócio de passar horas na frente do espelho se arrumando, provar todas as roupas do armário e no final das contas não achar nada de bom, definitivamente não é pra mim.

Eu não sou uma garota comum.

Eu gosto sim daquelas pequenas alegrias femininas. Gosto de me ver maquiada, de ver minhas unhas bem feitas, ficar com o cabelo arrumado, vestir uma roupa bonita, fazer compras (e quem não gosta?), mas eu não vivo em função de nenhuma dessas coisas. Hoje prefiro conforto do que beleza. Praticidade do que complicação. Prefiro ser eu do que tentar ser outra pessoa.

Você vai me ver mais de cara lavada do que maquiada e pra mim tá tudo bem. Gente, nem delineado eu sei fazer. Eu faço o básico do básico e olhe lá!

Você vai me ver mais de roupa confortável ou até mesmo de pijama do que numa mega produção de moda e pra mim tá tudo certo.

Você vai me ver mais de cabelo preso (por ser mais fácil) do que com algum penteado elaborado. Até hoje tudo que eu sei fazer são penteados simples (trança, coque, rabo de cavalo e aquele que prende só metade do cabelo).

Compras? Eu faço sim. Mas não vou ficar rodando o shopping inteiro, entrar em todas as lojas que vejo pela frente e comprar feito louca. Afinal, dinheiro não nasce em árvore, né?

Enquanto algumas garotas querem réplicas de bolsas de marca, eu quero réplicas de aviões e caças, navios de guerra, e carros antigos. Gosto de action figures, mangás e basicamente tudo do universo nerd.

Eu ainda gosto muito de jogar vídeo game e jogos online, assistir animes, filmes de ação e suspense, séries policiais, gosto de jogos de trivia e rpg (online).

Sou fã dos super-heróis da Marvel e da DC, e de alguns vilões também. E em alguns casos, até prefiro os vilões do que os heróis.

Minha playlist só não tem funk, pagode, sertanejo, axé e samba. Mas ela vai do rap ao metal. E tá tudo bem. Eu gosto assim mesmo.

A gente não nasceu pra ficar agradando todo mundo.

Cada um brilha à sua maneira. Cada um tem seu ritmo, sua batida perfeita, sua própria sintonia.

Cada um tem seu próprio estilo, seu padrão, e diversas versões de si mesmo.

O importante é isso: Ser você mesmo.

SAVE POINT

A vida bem que podia ser como um jogo desses que a gente joga no vídeo game ou no pc. A verdade é que a vida tem muitas fases como dos jogos, mas não tem um save point, nem um botão pra resetar e começar de novo (literalmente do zero). O jeito é aprender com os erros e continuar a jornada.

É assim que nos tornamos jogadores experientes… Jogando, aprendendo, ouvindo as dicas dos gamers mais experientes que nós e nos equipando melhor a cada dia.

A vida não é uma corrida, é uma jornada de autoconhecimento e de aperfeiçoamento. Não é ser o melhor em tudo, mas é fazer o seu melhor em tudo. Nos games isso não é diferente. Você precisa conhecer seus limites, suas habilidades, fraquezas, seus itens. Precisa se adaptar as mudanças de ambiente, encontrar soluções dos puzzles o mais rápido que puder pra avançar no jogo e melhorar sua capacidade tanto de raciocínio quanto de combate.

As fases são difíceis mesmo. Haverá momentos que será necessário uma parceria, uma equipe, um modo cooperação pra evoluir no jogo, então aproveite bem esse momento de trabalho em equipe pra crescer, pra ficar mais forte e conseguir ajudar outros jogadores com o que aprendeu. Em outros momentos você estará sozinho em busca de novas skills pra melhorar a si mesmo. Aproveite ainda mais esse momento porque ele único e importante pra que você possa rever seus conceitos, suas prioridades, suas parcerias ou equipes (amizades/relacionamentos), suas estratégias e principalmente pra entender melhor seu papel no jogo, na vida, no mundo.

Nem sempre a gente consegue ter tudo que se quer na vida e nos jogos (faz parte), mas isso acaba deixando a gente frustrado com tudo e com todos.

Aprenda com suas emoções e entenda que o fato de estar frustrado não significa game over. Significa mudar as estratégias de jogo, melhorar as habilidades e voltar pro jogo ainda mais forte e mais preparado do que nunca.

Caro jogador, a vida não é um jogo de survival horror. Ela está mais pra um jogo de RPG multiplayer em mundo aberto. Suas escolhas determinam seu destino. E você nem sempre joga sozinho. Preste bastante atenção no que e em quem está a sua volta, pois às vezes os inimigos se disfarçam de aliados. Saber a hora da defesa e do ataque é fundamental pra não sofrer maiores danos.

Lembre-se: Não adianta ter os melhores recursos se não souber como e onde usá-los. Seja inteligente nas suas decisões porque elas vão definir seu futuro. E você é o único responsável pelo fracasso ou sucesso da sua missão.

Nem sempre a gente ganha ou acerta de primeira e talvez seja esse o save point… A possibilidade de recomeçar a cada novo dia e ser melhor do que ontem.

E aí campeão, bora jogar? 😉

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Foto: Stas Knop